Na véspera da convenção nacional do PMDB, o ex-ministro e deputado cassado José Dirceu (PT-SP) disse que a aliança do PT com o PMDB é fundamental para o governo de coalizão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E também para eleger o sucessor de Lula em 2010. Nesta semana, a desistência do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, de concorrer à presidência do PMDB estremeceu as relações entre a ala governista do partido e o PT.
"Acho que a aliança do PMDB com o PT é a chave para uma coalizão, não só para dar governabilidade, mas para eleger o sucessor do presidente Lula", disse.
Na avaliação de Dirceu, o candidato à presidência, inclusive, poderá ser de fora do PT. "O PT pode e deve ter um candidato, se a coalizão não pode ter um candidato que não é do PT não é coalizão", complementou.
Reforma ministerial
Ex-homem forte de Lula no primeiro mandato, Dirceu evitou comentar a reforma ministerial. O PT pleiteia uma vaga na Esplanada para a ex-prefeita de São Paulo Martha Suplicy, atualmente cotada para o Ministério do Turismo. O ex-chefe da Casa Civil disse que cabe a Lula e ao presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, decidir a questão.
"O que eu acredito é que o PT é indispensável para o governo, para o presidente Lula e para o Brasil", limitou-se a dizer.
Dirceu é um dos componentes mais expressivos do Campo Majoritário, ala petista que realiza encontro neste sábado (10), em Brasília. Ele fez uma palestra durante a parte inicial do encontro, denominada "O Brasil que queremos." Ricardo Berzoini fará palestra sobre o socialismo petista.
Outra corrente do partido, o Movimento PT, também está reunida neste sábado. Este grupo tem entre seus integrantes o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) e a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS). Os encontros são preparatórios para o congresso nacional do PT que será realizado em julho, também em Brasília.Bush
José Dirceu disse que a visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ao Brasil foi "importante" e "histórica". E que ela não significa que o presidente Lula esteja se afastando do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, opositor ferrenho de Bush.
"Nem o Brasil está se afastando de Chavez nem se aproximando dos Estados Unidos. O Brasil esta fazendo política segundo os interesses nacionais, que no fundo é o que conta. O Brasil não e incompatível com a Venezuela. Pelo contrário, o fortalecimento, o desenvolvimento da Venezuela é imprescindível para a integração da América do Sul".Anistia
Dirceu disse que esse "não é o momento" para discutir sua anistia. A campanha é defendida por integrantes do PT e criticada por vários setores do partido. O ex-ministro afirmou que essa questão é "suprapartidária". E que "não tem pressa".
Ele também voltou a dizer que espera ser julgado logo pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na denúncia apresentada ao Supremo sobre o mensalão, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, chamou Dirceu de "chefe da quadrilha".
"O momento [para discutir a anistia] em que aqueles que estão apoiando julgarem adequado. Não tenho pressa, a única coisa que eu peço é que eu seja julgado. Me acusaram de chefe de quadrilha. Se sou chefe de quadrilha quero ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal dentro do prazo digno e razoável. Tenho absoluta consciência que sou inocente".
Refundação
Durante o encontro do Campo Majoritário, em Brasília, o ex-ministro disse que a tese de refundação do PT, já defendida pelo ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, está superada. Mas reconheceu que o partido precisa de renovação.
"Essa tese, na prática, foi abandonada, não vejo mais essa tese. O PT precisa se renovar, se reformar, é um partido político e a conjuntura muda, o pais muda e o próprio partido tem que se debruçar sobre seus próprios erros, experiências e mudar", declarou.
Bolo
O ex-ministro recebeu uma homenagem na reunião: dois bolos um de chocolate e um de morango. "Resolvemos fazer uma surpresa, ele faz aniversário na segunda-feira (12)", disse o presidente do diretório do PT no Distrito Federal (DF), Chico Vigilante (PT-DF).
O ex-ministro chegou bem humorado para a reunião, trajando camisa pólo e calça jeans. Nas mãos, um pequeno bloco, apenas com algumas anotações, e o telefone celular. Indagado sobre a possibilidade de ocupar novamente um cargo de direção no partido, foi categórico.
"Eu, hein? Já fui sete anos presidente, cinco anos secretário-geral, 25 anos dirigente do PT. Estou com 61 anos, já tenho que cuidar de outras coisas, tem gente muito melhor do que eu para ocupar cargos no PT."
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