O ex-ministro e deputado federal cassado José Dirceu negou nesta segunda-feira ter recebido propina em negócios do fundo de pensões Portus . Ele vinculou as denúncias à proximidade das eleições deste ano. Por meio de seu advogado, José Luís Oliveira Lima, o petista disse estranhar que um depoimento de 2005, desconsiderado pelo Ministério Público Federal no oferecimento da denúncia do mensalão, tenha vindo à tona às vésperas do pleito presidencial.
O advogado sustentou que Dirceu nunca teve contatos pessoais, por telefone ou por terceiros, com o corretor Lúcio Funaro. Acrescentou que, em depoimento à 2ª Vara da Justiça Federal de São Paulo, em 2008, Funaro sequer tenha citado seu cliente. Ele classificou as denúncias de "ilações criativas".
- As acusações são levianas e não correspondem à verdade - afirmou.
O prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, que disputa a indicação do PT para concorrer ao Senado nas próximas eleições, demonstrou indignação ao ser informado do teor do depoimento. Segundo ele, a história não faz sentido, porque Marcelo Sereno, ex-secretário de Comunicação do PT, apontado como responsável pela coleta de propina em negócios da Fundação Núcleos para favorecê-lo, seria seu desafeto político.
- Esse sujeito (Funaro) é completamente irresponsável! Não conheço ninguém nessa fundação, e o Marcelo Sereno sempre foi um adversário violento nosso. Esse Funaro é um criminoso, não tem idoneidade para sair atirando para tudo quanto é lado. Se quiser fazer isso, tem que apresentar alguma prova - protestou Lindberg.
Advogada de Funaro pedirá explicação ao MP sobre vazamento
O deputado federal ACM Neto (DEM-BA) chamou as acusações de absurdas e contraditórias, pois, na época da CPI dos Correios, era apontado por parlamentares petistas como defensor de Daniel Dantas. Segundo ACM Neto, Funaro tem motivos para odiá-lo, porque teve a quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal quebrados na CPI.
- Pode haver alguém tão complicado quanto ele, mas não mais - disse o deputado.
Além disso, ACM Neto lembra ter sugerido o indiciamento de Funaro por vários crimes "cabeludos" ao fim da CPI. O deputado era subrelator da comissão.
- Nunca tive qualquer contato com esse senhor, direto ou indireto. A primeira vez que o vi foi no depoimento à CPI. Aliás, ele só compareceu depois de ameaçado de prisão. Antes, fugia o tempo inteiro - afirmou.
Procurado pelo GLOBO, o deputado federal Rodrigo Maia (RJ) alegou jamais ter conversado com Funaro ou escalado alguém para fazê-lo. E frisou que o relatório da CPI foi severo com o corretor. O deputado José Mentor (PT-SP), acusado por Funaro de ter tirado do relatório da CPI do Banestado pessoas ligadas ao PT, não respondeu aos telefonemas do GLOBO para comentar o tema.
Os responsáveis pelo fundo Núcleos, da Eletronuclear, não foram encontrados. Marcelo Sereno, que teria participado dos supostos desvios, também não foi encontrado.
Funaro não foi localizado nesta segunda-feira em São Paulo. Sua advogada, Beatriz Catta Preta, disse que está preparando um pedido de esclarecimentos ao Ministério Público do Paraná, onde Funaro depôs. Segundo ela, a colaboração sob acordo de delação premiada é sigilosa e o vazamento pode prejudicar o delator.
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