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Antonio Palocci e José Dirceu ocuparam postos centrais no ministério do governo Lula | Ueslei Marcelino/Folhapress/Arquivo
Antonio Palocci e José Dirceu ocuparam postos centrais no ministério do governo Lula| Foto: Ueslei Marcelino/Folhapress/Arquivo

Paulo Roberto Costa depõe mais uma vez

Termina nesta sexta-feira a bateria de audiências para oitiva das testemunhas de acusação nas ações penais da sétima fase da Operação Lava Jato. O juiz federal Sérgio Moro vai ouvir hoje o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o advogado da GFD – empresa de fachada usada por Alberto Youssef – Carlos Alberto Pereira da Costa. A sessão será realizada às 11 horas na Justiça Federal em Curitiba para tratar de irregularidades na Diretoria Internacional da Petrobras, que foi comandada por Nestor Cerveró, preso no mês passado ao retornar de uma viagem de Londres.

Também são réus nessa ação penal o lobista Fernando Soares, o doleiro Alberto Youssef e o executivo Júlio Camargo, que firmou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. A ação penal trata do pagamento de US$ 40 milhões em propina à Cerveró pela contratação de navios da Samsung.

Na audiência dessa quinta-feira foram ouvidas seis testemunhas de acusação na ação penal contra os executivos da empreiteira Mendes Junior. Ao sair da sede da Justiça Federal, o advogado Marcelo Leonardo comemorou o resultado da sessão. "A audiência de hoje [quinta-feira] foi extremamente produtiva as defesas. O Ministério Público com as testemunhas não conseguiu produzir nenhuma prova no interesse da acusação", disse. "Várias das pessoas trazidas só se referiam à Refinaria Abreu e Lima, em Recife, e a empresa Mendes Junior não tem nenhuma obra na refinaria de Pernambuco", completou Leonardo.

Kelli Kadanus

O doleiro Alberto Youssef afirmou aos investigadores da Operação Lava Jato que os ex-ministros da Casa Civil José Dirceu e Antônio Palocci eram os contatos do executivo Júlio Camargo no Partido dos Trabalhadores. Em delação premiada, Youssef afirmou que Dirceu utilizou diversas vezes a aeronave de Camargo. O doleiro disse ainda que Júlio Camargo e José Dirceu têm uma relação "muito boa". De acordo com a investigação, Camargo era operador no esquema e representava as empresas Camargo Corrêa, Pirelli e Mitsue no pagamento de propina a funcionários da Petrobras.

O ex-assessor do PP João Claudio Genu também foi citado por Youssef como um dos operadores do esquema dentro da Diretoria de Abastecimento da Petrobras, comandada pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa. De acordo com o doleiro, Genu operava uma "pequena parte" do esquema.

Youssef afirmou também que na divisão dos valores recebidos na Diretoria de Abastecimento, ele ficava com 5% dos valores. O ex-diretor Paulo Roberto Costa ficava com 30%, 5% ia para Genu e outros 60% para o PP. As propinas seriam usadas, segundo o depoimento, para formação de caixa dois de partidos políticos. Youssef afirmou que R$ 13 milhões foram entregues ao PP, a Genu e a Costa entre 2010 e 2011. Os depoimentos em regime de delação premiada de Youssef foram disponibilizados nesta quinta-feira nos processos da Lava Jato.

Outro lado

Em nota, o ex-ministro José Dirceu afirmou que "repudia, com veemência, as declarações do doleiro Alberto Youssef de que teria recebido recursos ilícitos do empresário Júlio Camargo, da Toyo Setal, ou de qualquer outra empresa investigada pela Operação Lava Jato". Dirceu também negou que tenha representado o PT em negociações com Camargo. Ele também afirmou que depois que, deixou a chefia da Casa Civil, em 2005, sempre viajou com aviões de carreira ou por empresas de táxi aéreo.

Ex-diretor alega que devia zelar pelos interesses do partido

O ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou, em depoimento de delação premiada, que quando ingressou na estatal, em maio de 2004, por indicação do PP, foi avisado que deveria "zelar pelos interesses do partido" enquanto fosse diretor. Costa detalhou como funcionava o esquema de pagamento de propina por contratos dentro da estatal.

Segundo Costa, a vantagem indevida que cabia ao PP era repassada aos integrantes do partido pelo ex-deputado José Janene (morto em 2010), e posteriormente pelo doleiro Alberto Youssef. O ex-diretor afirmou ter recebido solicitações do PT e do PMDB para a campanha de 2010. "Houve pessoas que receberam mais de R$ 5 milhões", disse.

Entre os políticos que receberam dinheiro, Costa citou o ex-deputado Pedro Corrêa (PP), com pelo menos um pagamento de R$ 5,3 milhões para usar em campanha eleitoral. A filha de Corrêa, a ex-deputada Aline Corrêa (PP), também foi citada por Costa. O ex-diretor afirmou que ela participava das reuniões do PP para definição da divisão da propina junto com o pai. O ex-diretor de serviços Renato Duque também foi citado diversas vezes na delação de Paulo Roberto Costa. Segundo Costa, Duque era encarregado da licitação e execução de todos os contratos de grandes investimentos (superiores a R$ 20 milhões).

Colaborou Katna Baran

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