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Amigo de José Dirceu e autor do projeto de um livro sobre os bastidores da passagem do ex-ministro pelo governo federal, o escritor Fernando Morais disse esta quinta-feira (14) que o petista está tranquilo e tem ouvido seu círculo íntimo para tomar duas decisões nas próximas horas: se vai dar uma entrevista coletiva e se vai se apresentar à polícia ou esperar para ser preso.

Morais, que está em Fortaleza para participar de um festival de biografias, disse ter falado por telefone hoje pela manhã com Dirceu --que segundo ele se encontrava em São Paulo. "Ele está tranquilo, sempre teve muito sangue frio. Pediu para que eu refletisse com ele sobre o que deveria fazer. Ele sabe que vai ser preso, mas não sabe se vai se apresentar ou se espera que vão buscá-lo. Também há quem defenda que ele dê uma [entrevista] coletiva, mas ele está contra", disse o autor de "Olga" e "Chatô - O Rei do Brasil", entre outros livros.

Morais contou que o projeto do livro que prepara sobre Dirceu foi paralisado por conta da ação no Supremo. "O processo tomou um vulto tamanho que ele não tinha como perder tempo comigo." Segundo o escritor, não será uma biografia, mas um retrato do período em que Dirceu esteve no poder como ministro-chefe da Casa Civil do primeiro governo Lula, até ser afastado por causa do mensalão --daí o título da obra, "30 Meses".

Originalmente o projeto será de uma biografia. "Fui para Cuba com ele, fomos ao lugar onde ele fez treinamento de guerrilha, ao apartamento onde viveu por lá. Quando voltamos, estourou o mensalão, e paramos para ele se defender." Morais diz que, após o mandato de deputado federal de Dirceu ter sido cassado, em 2005, sugeriu mudar o rumo do projeto e abordar os 30 meses no poder, incluindo os bastidores do mensalão.

Ainda de acordo com o escritor, depois eles fizeram mais cinco grandes sessões de entrevistas. Ao fim delas, Morais relata ter dito o seguinte a Dirceu: "Aqui não tem uma linha que se aproveite para o livro. Você ficou falando de grandes planos para o Brasil, de política energética e coisas do tipo. Eu quero bastidores, histórias, personagens". Desde então, por conta da ação no STF, o projeto não foi retomado, segundo Morais.

Lula

Fernando Morais também prepara um livro sobre Luiz Inácio Lula da Silva, para o qual vem tendo a colaboração do ex-presidente desde 2011. O escritor conta que já teve "dezenas de encontros" com Lula e tem "dezenas de horas" de entrevistas com o político.

Revela que inicialmente gravava as conversas no Instituto Lula, até descobrir que as entrevistas rendiam mais durante viagens internacionais, e passou a rodar o mundo com o ex-presidente. As sessões com o petista foram interrompidas por nove meses entre 2011 e 2012, quando Lula fazia radioterapia para tratar um câncer e tinha recomendação médica para não falar.

O livro sobre Lula, ainda sem título, deverá se concentrar entre 19 de abril de 1980, quando o então líder sindical foi preso pela ditadura, e o final do segundo mandato do petista, em 31 de dezembro de 2010.Morais argumenta que o período anterior à prisão já foi abordado pelo livro "Lula, o Filho do Brasil", de Denise Paraná, e pelo filme homônimo de Fábio Barreto. A princípio o câncer do ex-presidente não seria abordado. O escritor cogita agora finalizar a obra com o anúncio da doença, mas sem descrever o tratamento.

O plano original seria lançar o livro no Natal deste ano, mas Morais nem começou a escrevê-lo ainda, o que deve começar a fazer no fim deste mês. Ele terá conversas com Lula e com seu editor, Luiz Schwarcz, da Companhia das Letras, sobre a conveniência de lançar a obra em 2014, ano eleitoral, ou se deixará para 2015.

Morais conta que trata-se de um projeto muito antigo e que convive com Lula desde os tempos em que ele era deputado estadual pelo MDB e o futuro político era líder sindical, mas que o petista só topou em julho de 2011.

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