A consultoria do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, a JD Assessoria e Consultoria, faturou R$ 29 milhões em serviços para mais de 50 empresa no período de nove anos. A informação faz parte do inquérito que investiga Dirceu na Operação Lava Jato. O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, quebrou nesta terça-feira o sigilo sobre a investigação.
Justiça torna público processo que investiga Dirceu na Lava Jato
Quebra do sigilo fiscal da empresa do ex-ministro já havia sido autorizada em janeiro
O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal Criminal de Cu ritiba, levantou nesta terça-feira o sigilo sobre o processo que investiga o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu na Operação Lava Jato.
Em janeiro, Moro havia determinado a quebra do sigilo bancário e telefônico da J D Assessoria e Consultoria, de propriedade do ex-ministro. A decisão foi tomada depois que as autoridades responsáveis pelas investigações constataram que as empreiteiras envolvidas em fraudes na Petrobras pagaram R$ 3,7 milhões, entre 2006 e 2012, para a empresa de Dirceu.
O juiz destaca em seu despacho que “a licitude desses pagamentos está em apuração e que qualquer conclusão é prematura”. “Tratando-se de supostos crimes contra a administração pública, também se justifica o levantamento do sigilo, quando não há mais risco à investigação, considerando o interesse público existente”, escreveu Moro.
Em janeiro, Moro havia determinado a quebra do sigilo bancário e telefônico da JD Assessoria e Consultoria, de propriedade do ex-ministro. A decisão foi tomada depois que as autoridades responsáveis pelas investigações constataram que as empreiteiras envolvidas em fraudes na Petrobras pagaram R$ 3,7 milhões, entre 2006 e 2012, para a empresa de Dirceu. A suspeita é de que a JD jamais tenha prestado serviços de consultoria e que os recibos sejam uma fachada para encobrir repasses de dinheiro desviado da Petrobras.
A informação sobre o faturamento da empresa foi apresentada, de acordo com documento anexado ao inquérito, pela defesa do ex-ministro. O ex-ministro e a JD são investigados por lavagem de dinheiro, ocultação de bens e corrupção. Dirceu teria prestado consultoria para empresas de 20 setores da economia.
“Nota-se nos contratos que tais serviços estão em conformidade com objetos sociais da empresa JD, quais sejam, prestação de assessoria na integração da América do Sul, Mercosul, África, Estados Unidos e Europa, além de ministrar palestras e conferências internacionais e participar de reuniões juntamente com a direção das empresas contratantes. Não obstante a todos esses fatos, também é possível verificar que os sócios da JD Assessoria e Consultoria obtiveram lucros os sóciosda JD Assessoria e Consultoria Ltda obtiveram lucros abaixo do mercado”, destaca Anna Luiza de Sousa, advogada de Dirceu, no documento apresentado à Justiça.
Moro destaca, no despacho em que liberou o sigilo sobre o inquérito, “a licitude desses pagamentos está em apuração e que qualquer conclusão é prematura”. “Tratando-se de supostos crimes contra a administração pública, também se justifica o levantamento do sigilo, quando não há mais risco à investigação, considerando o interesse público existente”, escreveu Moro.
Depois que saiu do governo, Dirceu planejou viver de palestras. Mas, diante da repercussão negativa na imprensa dos eventos que fazia passou a atuar no mercado com a JD Assessoria e Consultoria. A função de Dirceu, segundo pessoas próximas, seria “abrir portas”, o que incluiria a intermediação de encontros entre autoridades estrangeiras e empresas brasileiras que pretendiam fazer negócio no exterior. Costumava fazer levantamentos de conjuntura política, jurídica e econômica dos países em que os empresários pretendiam investir. Para construir relações no exterior, o ex-ministro se utilizava de suas antigas relações do período de militância de esquerda. Para a UTC Engenharia, Dirceu teria prospectado negócios na Espanha e no Peru. Já OAS e Galvão Engenharia tinham interesses em países da América Latina.
Até a prisão do ex-ministro, a JD funcionava em um imóvel na Avenida Ibirapuera, em São Paulo. Ali trabalhariam entre 8 e 10 funcionários, e o faturamento médio seria de R$ 200 mil mensais - cada empresa pagaria algo em torno de R$ 20 mil por mês durante a vigência do contrato, segundo pessoas próximas ao ex-ministro. Quando Dirceu foi preso, seu irmão Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, que aparece como sócio na empresa, cumpriu os contratos que ainda estavam vigentes, mas não teria firmado novos negócios.
Empresário diz que Dirceu vendia lobby no exterior
Gerson Almada, vice-presidente da Engevix, prestou depoimento nesta terça-feira à Justiça em Curitiba
O vice-presidente da Engevix, Gerson Almada, um dos empresários que permanecem presos em decorrência da Operação Lava Jato, disse nesta terça-feira à Justiça Federal em Curitiba que o ex-ministro José Dirceu atuava como lobista em negócios no exterior. A afirmação foi feita quando o executivo foi perguntado sobre um contrato da Engevix com a JD Consultoria, da qual Dirceu é sócio.
Almada estava falando sobre o pagamento de um lobista para atuar em favor de contratos com a Petrobras, quando o representante do Ministério Público Federal pediu para que ele explicasse melhor um contrato firmado com a empresa do ex-ministro que, segundo Almada, custou entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão. Diante da pergunta se Dirceu “fazia uma espécie de lobby no exterior”, Almada afirmou: “Exato”.
Almada disse que viajou com Dirceu para o Peru, onde havia negócios de interesse da Engevix. O contrato com a consultoria do ex-ministro também previa, segundo Almada, a prospecção de oportunidades de negócios em Cuba. O empresário disse que o objetivo do contrato com a JD Consultoria era “a abertura de mercado no exterior”. “Eu acertei Peru e Cuba. Ele ofereceu serviços no México, mas não aceitamos porque lá já tínhamos outro sócio”.
O empresário disse ainda que, “infelizmente”, nenhum negócio foi concretizado em decorrência da consultoria de Dirceu. “Não teve êxito em nada”.
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