O ex-ministro José Dirceu decidiu se defender abertamente das acusações na Operação Lava Jato. De acordo com sua defesa, o ex-ministro vai dizer ao juiz Sergio Moro, em audiência marcada para a próxima sexta-feira (29) que a indicação de Renato Duque para a diretoria de Serviços da Petrobras partiu do diretório estadual do PT de São Paulo e não dele.
Quem teria articulado o nome de Duque seria então secretário geral do partido, Silvio Pereira. O ex-ministro disse ainda que só foi chamado na reunião onde foram decididos os nomes que comandariam a Petrobras para um desempate entre os nomes de Duque e de Irani Varella, que já era diretor de Serviços da Petrobras no governo Fernando Henrique Cardoso.
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“Toda a denúncia é fundada na informação de que Dirceu indicou Duque para o cargo e que isso permitiu que fosse feito o gerenciamento de propina. Mas o depoimento do Fernando Moura, que é um dos delatores, mostra que não foi ele quem indicou. Ele não conhecia nenhum dos indicados, todos lhe eram desconhecidos. Foi o diretório do PT de São Paulo que indicou”, afirma o advogado Odel Antun, um dos defensores de Dirceu.
Segundo Antun, ao contrário de outros acusados na Lava Jato, Dirceu vai se defender de todas as acusações que lhe são feitas, principalmente pelo delator Milton Pascowitch. O advogado afirmou que há contradições nos depoimentos de alguns delatores e vai ressaltar o depoimento de um deles, Fernando Moura, que, segundo ele, “mostra claramente que Dirceu não participou da indicação”. De acordo com Antun, o irmão do ex-ministro, Luiz Eduardo Oliveira e Silva, não tinha ideia de que o dinheiro repassado vinha de corrupção da Petrobras, pois Pascowitch era amigo de Dirceu e “muito rico”.
Na sexta-feira (22), em depoimento ao juiz Sergio Moro, Moura afirmou que Sílvio Pereira e Delúbio Soares, então tesoureiro do PT, foram encarregados pelo então presidente Lula, que iniciaria seu primeiro mandato, a organizar os nomes indicados para 32 mil cargos de confiança na administração federal e em estatais. Segundo ele, cada cargo tinha mais de 10 indicações.
Dilma
Ao juiz, Moro disse que havia dois indicados à diretoria de Serviços da Petrobras. Duque, levado por Silvio Pereira por indicação do empresário Licínio de Oliveira Machado Filho, da Etesco, e Varella, indicado por Delúbio Soares por recomendação de Dimas Toledo, que foi diretor de Furnas, que durante o governo Fernando Henrique seria ligado ao senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Nas escolhas dos nomes, segundo teria relatado Silvio Pereira a Moura, estavam presentes o próprio Pereira; Delúbio; José Eduardo Dutra, falecido em 2014, que acabou assumindo a presidência da Petrobras em 2003; Luiz Gushiken, ex-secretário de Comunicação, também já falecido; e a presidente Dilma Rousseff, que na época participou da equipe de transição de governo.
O lobista disse que o impasse só foi resolvido após Dirceu saber quem tinha indicado os nomes de Duque e Varella. Moura afirma que Delúbio não queria dizer que a indicação de Varella era dele, atribuiu a senador tucano Aécio Neves. Chamado a opinar entre os dois e “desempatar” a decisão, Dirceu teria decidido por Duque e argumentado que Aécio Neves já havia sido contemplado: “O Aécio já foi contemplado com a indicação do Dilmas. Então, fica o Duque”, teria dito Dirceu segundo depoimento do lobista;
Perguntado se Dirceu está disposto a denunciar outros nomes do partido e quem no diretório do PT de São Paulo estaria aliado a Silvio Pereira, o advogado negou.
“Ele não vai denunciar ninguém. Vai se defender. O que pode acontecer é surgir um nome. O Milton Pascowitch mentiu. Ele usava o nome do Zé [José Dirceu]. Quem estava com milhões e teve de devolver foi ele. Com o Zé não foi encontrado dinheiro nenhum. Se o Dirceu não tinha dinheiro, onde está o dinheiro que dizem que foi para ele? Ele prestou serviços de consultoria e recebeu. O resto foi ajuda dada pelo Milton, que nunca falou que era dinheiro de propina”, disse o advogado.
O advogado afirmou que a defesa de Dirceu não tem nada de “bombástico” para apresentar à Justiça e que não há qualquer ideia de delação por parte do ex-ministro.le apenas vai dar a versão dele.
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