O presidente interino do PT, Tarso Genro, ficou em situação difícil e deve anunciar nesta quarta-feira que vai abandonar a candidatura pela chapa do Campo Majoritário na eleição do novo presidente do partido, em setembro. Ele tinha condicionado a manutenção da sua candidatura à saída do deputado José Dirceu (PT-SP), que anunciou na noite desta terça-feira que não vai deixar a chapa.
- Eu sou integrante da chapa e pretendo continuar. Todos sabem que eu fui escolhido pela chapa para participar. Não vejo uma razão para que saia - disse Dirceu.
O ex-ministro da Casa Civil criticou, sobretudo, a forma como Tarso defendeu a saída do partido dos petistas envolvidos em denúncias de corrupção. Segundo o deputado, os próprios integrantes do governo terão dificuldade de defender as propostas do atual presidente do PT.
- O problema é muito mais político do que minha presença na chapa. Se vocês observarem, na verdade o presidente Tarso Genro está construindo um discurso político que não é o da chapa, que não é do programa da chapa. Portanto, ele está construindo uma linha de raciocínio que eu não sei como os ministros e os líderes do governo vão sustentar o discurso que ele está fazendo - disse.
O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), tentará intermediar um acordo entre Tarso e Dirceu. Ele admitiu que algumas lideranças gostariam que Dirceu abandonasse a chapa. Contudo, reconheceu que o presidente do PT errou ao defender publicamente a saída de Dirceu da chapa.
- A forma como o processo foi conduzido não ajudou, mas Tarso ainda tem um papel importante no PT. Precisamos buscar um diálogo. É fundamental que ele permaneça candidato. No entanto, eu discordo do discurso que ele vem fazendo contra a política econômica do governo Lula. Não é hora de falar isso agora - disse.
O prefeito de Aracaju, Marcelo Déda, defendeu a manutenção da candidatura de Tarso, mas também criticou sua atitude de dar um ultimato a Dirceu. Para Déda, a negociação e o convencimento são os melhores caminhos.
- Acho lamentável o companheiro Tarso Genro abrir mão da candidatura para a presidência do PT. O perfil do Tarso é o mais adequado para esse momento, mas na hora que se reduz essa questão ao ultimato é complicado. É que as pessoas não costumam aceitar ultimatos - disse.
O prefeito disse ainda que esse é um debate político, e não pessoal.
- É um debate político e não um conflito pessoal entre Tarso e Zé (Dirceu). Não é um debate fulanizado e nem personalizado: ou eu ou ele - afirmou.
Para Déda, esse racha do Campo Majoritário pode colocar em risco a realização das eleições internas do partido. Sobre o afastamento de Dirceu, Deda disse que o ideal seria que a chapa não fosse vinculada àqueles que controlavam o partido até agora. Ele afirmou que seria importante que na chapa fosse reproduzida a renovação do PT. Déda foi um dos petistas que nos últimos dias tentou convencer Dirceu a abandonar a disputa.
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