Brasília (Folhapress) O ex-ministro José Dirceu negou ter tratado de empréstimos ao PT com diretores dos bancos Rural e BMG. Em nota, ele admitiu ter se encontrado com os representantes das instituições durante o período em que ocupou a Casa Civil, mas não informou onde foram essas conversas nem os motivos do encontro.
"Sobre as declarações da senhora Renilda de Souza no depoimento prestado hoje (ontem) à CPI dos Correios, informo que estive com diretores dos bancos Rural e BMG em ocasiões diferentes e por solicitação das entidades durante o período em que estive na chefia da Casa Civil da Presidência da República. Em nenhum momento tratei sobre empréstimos ao PT", diz a íntegra da nota, assinada pelo agora deputado federal.
Dirceu passou a tarde de ontem revirando papéis para encontrar alguma anotação que comprovasse reunião com diretores do Banco Rural em um hotel em Belo Horizonte, como disse a mulher do publicitário Marcos Valério de Souza à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios. Não encontrou nada em sua agenda. A lacônica nota divulgada no fim da tarde omitiu a referência ao local das reuniões.
Informado das revelações feitas por Renilda no fim da manhã, de que teria havido uma reunião em um hotel de Belo Horizonte, Dirceu disse a assessores que não se lembrava do encontro.
O que a assessoria do deputado confirmou foi que realmente encontrou-se com representantes do Rural e do BMG, uma delas no seu gabinete na Casa Civil, no quarto andar do Palácio do Planalto. Teriam sido conversas sobre a conjuntura econômica, conforme inúmeras outras de que Dirceu teria participado.
O ex-ministro não esteve na Câmara dos Deputados ontem. Passou o dia em Brasília, em reuniões com assessores e amigos, para avaliar a crise política.
Apesar de tentar demonstrar publicamente tranqüilidade, o ex-ministro está preocupado. "Piorou, piorou", afirmou um amigo dele.
Nas últimas semanas, Dirceu tem admitido que poderá ser cassado. Diz que, se isso ocorrer, seria pelo que ele simboliza. "Seria uma cassação política, unicamente", afirma, em conversas reservadas. Seu argumento é de que não apareceu nenhuma prova material de seu envolvimento no esquema de Valério, ao contrário do que sucedeu com outros petistas, como João Paulo (SP) e Paulo Rocha (PA). "Não tem uma retirada, um depósito, um assessor meu envolvido, nada", afirma Dirceu.
Por isso, segundo amigos, ele descarta a renúncia do mandato. "Ele não morre fácil", afirma um petista que conversou com o ex-ministro na semana passada.
No último sábado, o deputado criticou duramente o PT por não estar sabendo se defender adequadamente. "O partido está recuado, tem de ir para a ofensiva", afirmou, durante reunião do Campo Majoritário, sua tendência interna no PT.
Apesar de não desfrutar da mesma proximidade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele está longe de ter perdido a influência. A estratégia de Lula de denunciar um complô das elites e cercar-se do "povo" tem em Dirceu um dos mentores.
As chances perdidas pelo partido de sair da defensiva exasperam o deputado. Na última quinta-feira, em uma conversa, o ex-deputado petista Ricardo Zarattini (SP) no vôo de Brasília para São Paulo disse que o partido deveria ter explorado mais a descoberta de que o deputado pefelista Roberto Brant (MG) recebeu dinheiro da Usiminas via uma das agências de Valério.
"Ele (Brant) é secretário-geral do PFL! E ninguém sobe na tribuna da Câmara para dizer!", reclamou.
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