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O deputado José Dirceu (PT-SP) entrou nesta terça-feira com recurso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Dirceu pediu que a CCJ reveja a decisão do Conselho de Ética que manteve o processo disciplinar contra ele, mesmo depois que o PTB retirou a denúncia. Dirceu defendeu o direito de buscar soluções no Congresso ou na Justiça durante seu depoimento nesta tarde no Conselho de Ética:

- Hoje em dia, se o deputado faz uso de seu direito de defesa, é como se tivesse fazendo um acinte - disse.

O deputado defendeu também sua ação no Supremo Tribunal Federal, pedindo para se defender na CPI dos Correios das acusações que sofreu. Dirceu afirmou que também vai recorrer a todos os tribunais em que for possível, se for condenado pelo Congresso.

O Conselho analisa o pedido de cassação de seu mandato, feito pelo PTB, do ex-deputado Roberto Jefferson, que acusa Dirceu de comandar um esquema de compra de votos de parlamentares no Congresso Nacional, para que apoiassem projetos do governo federal. Dirceu disse que Jefferson não merece credibilidade e que sempre apresentou contradições em suas versões.

O ex-ministro, que comandou a Casa Civil no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, explicou que seu atrito com Jefferson se referem a nomeações para cargos públicos. Dirceu contou ter se recusado a dar andamento a nomeações de indicados pelo PTB.

Julgamento político

O deputado voltou a dizer que está sofrendo um linchamento público, reafirmou sua inocência e disse que, mesmo um julgamento político deve levar em conta a existência ou não de provas.

- Este é um processo político que envolve a disputa pelo poder e a sucessão de 2006 - disse ao lembrar que não há provas da acusação. - Não é verdade que eu coordenei, participei ou me omiti do chamado mensalão. E não existem provas contra mim, nem testemunhais, nem documentais. Se eu errei no partido, os meus erros foram políticos na escolha de alianças e na elaboração de programa de governo - afirmou.

Críticas às CPIs

O deputado criticou as CPIs dos Correios e do Mensalão por já terem concluído que existe o pagamento de mesadas a parlamentares sem, segundo ele, ao menos ter terminado a investigação. O deputado afirmou que não é possível aceitar o depoimento das testemunhas com base em prejulgamentos e destacou que é preciso provar o que elas disseram.

Dirceu negou também envolvimento no financiamento irregular do PT, por meio dos empréstimos do Banco Rural.

- Eu não participei da vida orgânica do partido e não tinha conhecimento dos empréstimos.

Para Dirceu, Delúbio Soares é que precisa explicar como foram feitos os empréstimos e se houve ou não repasse para os parlamentares.

Caixa 2

Indagado se houve caixa 2 na campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, o deputado José Dirceu (PT-SP), ex-ministro da Casa Civil, negou:

- Não - respondeu, imediatamente.

Dirceu explicou que houve prestação de contas à Justiça eleitoral e lembrou que o ex-tesoureiro Delúbio Soares já afirmara em CPIs que recursos não contabilizados foram usados para pagamento de dívidas em campanhas estaduais.

Dirceu negou ainda participação em discussões sobre contratos e acertos financeiros com o publicitário com Duda Mendonça, responsável pela campanha de Lula.

- Numa campanha eleitoral, o comite da campanha recebe informes de 15 dias, 20 dias, como está a situação geral da campanha. Em todos os aspectos e também no financeiro, mas não detalhes, de onde vêm os recursos, quem fez doação - explicou, afirmando em seguida que o próprio Duda já disse que nunca debateu com Dirceu qualquer assunto relacionado a finanças.

Valério

O deputado reafirmou que não há provas de que Roberto Marques, seu amigo, tenha sacado dinheiro da conta de Marcos Valério no Banco Rural. Marques é acusado de sacar R$ 50 mil da conta da empresa de publicidade SMPB. Segundo Dirceu, o documento do saque não teria sido reconhecido nem mesmo pela CPI dos Correios.

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