O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), afirmou nesta segunda-feira, 23, em discurso no plenário e em entrevista, que o ex-ministro José Dirceu tenta "tumultuar" e "confundir a opinião pública" ao divulgar nota negando a atuação de uma filial de sua consultoria no Panamá, conhecido paraíso fiscal. A oposição pede investigação do Ministério Público e da Polícia Federal sobre as atividades da filial panamenha do petista justificando que as CPIs dos Correios e dos Bingos, que investigaram o mensalão, encontrou registro do esquema no Panamá mas não aprofundou essa investigação.

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O jornal O Estado de S. Paulo revelou no domingo, 22, que Dirceu registrou em cartório uma filial da JD Assessoria e Consultoria no Panamá e informou ao órgão público brasileiro seu funcionamento no mesmo endereço da Truston International, sócia majoritária do hotel St. Peter, em Brasília. O hotel ofereceu cargo de gerente administrativo a Dirceu, com salário de R$ 20 mil, dez dias após ele ser preso para cumprir a pena de dez anos e dez meses por ter comandado o mensalão. Dirceu desistiu do emprego após o Jornal Nacional revelar o elo do hotel com a Truston e com o escritório Morgan & Morgan, que funciona efetivamente no endereço informado pelo ex-ministro e pela Truston como seus.

Um ano e dois meses após informar aos órgãos oficiais brasileiros da filial no Panamá, Dirceu fez nova alteração contratual na qual "torna sem efeito" seu ato. Segundo um delegado da Polícia Federal, um servidor do alto escalão da Receita Federal e um advogado especialista em direito empresarial ouvidos pelo Estado, contudo, o registro só tem valor no Brasil e não impede que a JD prossiga com eventuais negócios no paraíso fiscal. O governo do Panamá, um paraíso fiscal, não informa sobre a atuação da empresa. "A investigação é importante para eliminar as suspeitas. É uma denúncia muito grave que mostra uma conexão do mensalão com o Panamá", disse o líder do PSDB.

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As CPIs dos Correios e dos Bingos relataram nas conclusões dos trabalhos que, pelo menos, R$ 7,1 milhões teria sido transferido do valerioduto para a RS Administração e Construção Ltda, controlada por uma companhia do Panamá. A suspeita das CPIs é que a empresa teria ligações com o Banco Rural, braço financeiro do mensalão.

Em depoimento conjunto às CPIs, o Antonio Oliveira Claramunt, conhecido como Toninho Barcelona, também afirmou que trocou dinheiro para o doleiro Dario Messer. Os dólares, afirmou, vinham do Panamá e a moeda, já convertida, tinha como destino a corretora Bônus-Banval. O doleiro declarou que o ex-ministro José Dirceu era "amigo íntimo" dos sócios da corretora Bônus-Banval. Os sócios da corretora foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por lavagem de dinheiro no esquema do mensalão.