Em nota divulgada na manhã desta quarta-feira (1º), a defesa do ex-ministro José Dirceu volta a negar qualquer influência na indicação de Renato Duque para a diretoria da Petrobras, informação, segundo a nota, “reafirmada pelo próprio Duque em depoimento em juízo e à CPI da Petrobras”. A defesa de Dirceu reafirmou que não teve acesso aos termos e ao conteúdo da delação premiada do empresário Milton Pascowitch e, portanto, “não tem como emitir opinião a respeito”.
A nota veio por conta da decisão de Pascowitch de fazer acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, o que pode complicar a situação do ex-ministro. Nas negociações que levaram ao acordo, Pascowitch disse – como revelou uma fonte ligada ao caso nesta quarta-feira (1º), que pagou propina a Dirceu por meio de sua empresa, a Jamp Engenheiros Associados. O lobista se comprometeu a detalhar as transações nos próximos depoimentos.
Pascowitch é apontado pelos investigadores da Operação Lava Jato como um dos intermediários do pagamento de propina para facilitar negócios da Engevix na Petrobras. Ele seria um dos elos entre a empresa e Renato Duque, ex-diretor de Serviços da estatal, que foi indicado para o cargo pelo PT e, supostamente, ligado a Dirceu.
Condenado no mensalão, Dirceu cumpre pena de prisão domiciliar. Seu advogado, Roberto Podval, além de negar qualquer relação entre Dirceu e Duque relacionada à Petrobras, comentou as declarações do empresário Gerson Almada, da Engevix, que também assinou acordo de delação.
“[O Gerson Almada] confirmou à Justiça a contratação dos serviços do ex-ministro no exterior e foi claro ao afirmar que nunca conversou com José Dirceu sobre contratos da Petrobras ou doações ao PT”, disse a nota desta quarta-feira, citando ainda uma entrevista dada pelo presidente do Conselho da Engevix, Cristiano Kok, à Folha de S.Paulo, em que declarou ter contratado José Dirceu para prestar consultoria no exterior na prospecção de novos negócios.
“Todo o faturamento da JD Assessoria e Consultoria para a Engevix e Jamp é resultado de consultoria prestada fora do Brasil, em especial no mercado peruano, onde a construtora abriu sede e passou a disputar contratos depois que contratou o ex-ministro José Dirceu”.