A direção do PR baixou a "lei da mordaça" no partido, orientando seus integrantes a parar de reclamar da presidente Dilma Rousseff e da exposição pública de filiados no escândalo do Ministério dos Transportes. De acordo com um parlamentar do partido, a mágoa com a forma em que estão sendo tratados se alastra pela bancada de 40 deputados.
O deputado Diego Andrade (PR-MG), que encabeça o movimento pela criação do Partido do Desenvolvimento Nacional (PDN), disse que sente "angústia e insatisfação" com a crise envolvendo o partido mas defendeu que se aprofundem as investigações para apurar responsabilidades e apontar os verdadeiros culpados.
Após sua demissão do cargo de ministro dos Transportes, o presidente do PR, Alfredo Nascimento, que é senador pelo Amazonas, não se manifestou publicamente sobre a crise, que já provocou 16 demissões na pasta e no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). O secretário-geral e principal cacique da sigla, deputado Valdemar Costa Neto (SP), também se calou. O líder do PR no Senado, Magno Malta (ES), não tem sido encontrado para comentar a crise.
O mesmo parlamentar que falou da "mordaça" lembrou que no depoimento do diretor afastado do Dnit, Luiz Antonio Pagot, no Senado, ninguém da bancada se pronunciou quando o senador Pedro Taques (PDT-MT) chamou o PR de "partido mafioso". O líder Magno Malta estava ausente. "O partido vive sem cargos, vive sem o ministério. Não dá é para viver sem dignidade", reclamou a liderança, que pediu para não ser identificada, por medo de retaliação.
Nos últimos dias, apenas o líder da bancada na Câmara, Lincoln Portela (MG), e o vice-líder do governo, deputado Luciano Castro (PR-RR), saíram em defesa do partido. Portela reivindicou que o governo use a mesma "balança" para avaliar integrantes de outros partidos alvo de denúncias. Depois, veio a público, por meio de nota oficial, desmentir a informação de que teria advertido a presidente Dilma Rousseff a "não brincar com fogo".