Numa das mais contudente críticas feitas pelo partido à política econômica do governo Lula, o novo Diretório Nacional do PT, reunido neste sábado em São Paulo, aprovou uma resolução pedindo a queda do superávit primário, um dos principais eixos da política desenvolvida pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci.
A decisão foi articulada pelo presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, que se aliou à esquerda, ao centro e a setores do Campo Majoritário, que dominavam o partido há mais de uma década. A resolução com críticas ao governo irritou vários dirigentes do partido, que temem que o PT assuma posturas de oposição ao governo.
A resolução foi aprovada por 35 a 34 votos dos integrantes do Diretório Nacional do partido. Ela faz críticas à política de elevado superávit primário defendida Palocci. Integrantes do Campo Majoritário, que defendiam apoio à política do governo, como o líder do PT na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS) e o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), lider do governo no Senado, saíram decepcionados da reunião, dizendo temer que o PT passe para a oposição ao governo Lula.
- Hoje (sábado) se materializou que a esquerda tomou conta do PT e o resultado prático disso é a crítica à política econômica do governo e do Palocci aprovada no documento do Diretório Nacional - disse Jilmar Tatto, terceiro vice-presidente nacio-nal do PT.
O documento aprovado faz também críticas à política econômica do governo do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, mas ressalta a "timidez" da política mantida pelo ministro Palocci, sobretudo em relação ao elevado superávit primário e taxas de juros altas.