Quatro meses após assumir a presidência da Brasilprev, empresa que tem participação majoritária do Banco do Brasil (BB), Ricardo Flores deixou o cargo ontem. Em nota, ele disse que seu desligamento foi por "motivos pessoais e familiares".
A reportagem apurou, no entanto, que a saída foi determinada pelo governo federal, e partiu do entendimento de que Flores alimentava a imprensa com informações contra o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do BB, Aldemir Bendine.
Foi por uma disputa de poder na cúpula do banco que Flores foi perdendo força nos últimos tempos. Ele deixou no ano passado a presidência da Previ, fundo de pensão dos funcionários do BB, o maior da América Latina, após disputa com o grupo de Bendine.
Flores tentou ficar no cargo buscando apoio de líderes do PMDB, como os senadores Renan Calheiros (AL) e Romero Jucá (RR), e o deputado Henrique Alves (RN). Acabou sendo alojado na Brasilprev. Executivos afirmam que sua saída agora também se deve a uma insatisfação por parte de sócios americanos da empresa ao verem Flores ter sido citado por pessoas investigadas na Operação Porto Seguro, da Polícia Federal.
Amigo de Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da presidência da República indiciada sob acusação de participar de esquema de corrupção, Flores foi mencionado por alguns integrantes do esquema durante interceptações realizadas pela PF. Com a saída, a Brasilprev, uma das líderes do mercado de previdência complementar e que administra ativos de R$ 49,2 bilhões (dados de janeiro de 2012), será comandada por Miguel Cícero Terra Lima, então diretor comercial.
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