O diretor geral do Instituto de Criminalística (IC) do Paraná, Daniel Felipetto, está na mira do Ministério Público do estado (MP-PR). Ele é suspeito de engavetar perícias e, com isso, prejudicar o andamento de investigações no estado. As informações são do telejornal Paraná TV 2ª edição, da RPC TV, e foram divulgadas nesta segunda-feira ( 8).
De acordo com a apuração feita pela equipe de reportagem do telejornal, o suposto “esquema” direcionado por Felipetto pode ter atraso conclusões de diversas investigações em curso, entre elas, da Operação Quadro Negro, que investiga desvio de verbas estaduais e federais em construções de escolas no Paraná.
Os materiais analisados pelo MP-PR para chegar a tais conclusões fazem parte de um conjunto de documentos apreendidos pelo órgão. Ao todo, 23 malotes com objetos da sala que pertencia a Felipetto, quando ele chefiava o Instituto de Criminalística em Londrina, foram confiscados pelo Ministério Público, que abriu nesta segunda-feira 17 dos malotes.
Em um áudio gravado no primeiro semestre deste ano, Felipetto pede para um de seus funcionários encaixotar as perícias e colocá-las ao fundo de um depósito. Na gravação, ele explicita a Operação Quadro Negro e fala ainda de uma outra investigação, cujo nome diz não lembrar.
“(?) Está lá, Quadro Negro. Sabe o que é isso, hein? Quadro Negro, está com a gente lá. Tem uma outra agora que eu esqueci o nome, tem uma outra operação (?) Esqueci o nome agora, me fugiu o nome. Está lá com a gente. Daqui a pouco, vamos acabar com as perícias, porque como eu não sou bobo nem nada, eu chamo o menino lá e falo: ‘Você enfia esse negócio numa caixa e põe lá no fundo do depósito’. Mas dali a pouco vem o Gaeco: ‘Escuta aqui, ó: estou vendo lá no site lá que não foi nem designado esse caso. O que que está havendo?’ Aí você chama e me fala: ‘Tá, não tem jeito, faz o troço’. Aí faz. Aí vai pular o presidente da Assembleia, vai pular o presidente do Tribunal de Contas, entendeu? Vai pular o braço-direito do Beto Richa. É isso que a gente faz, é o nosso receio, então tudo isso complica”, diz a gravação obtida pelo Paraná TV 2ª edição. Não se sabe quem era o interlocutor de Filipetto na conversa. Também não há como identificar a qual presidente da Assembleia e a qual presidente do Tribunal de Contas ele se referia, bem como quem seria o citado braço-direito do governador Beto Richa.
Com os documentos apreendidos, os promotores agora querem saber se realmente a demora para a liberação das perícias tinham como objetivo prejudicar as investigações. Nesta terça-feira (9), o Ministério Público deve ainda vai abrir os outros seis malotes que estavam na sala fechada há cerca de três anos.
Outro lado
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) disse que só vai se pronunciar sobre as denúncias por meio de nota. A pasta disse que o diretor geral do Instituto de Criminalística (IC) do Paraná, Daniel Felipetto, também só vai dar declarações por meio da Sesp.
Em nota encaminhada à imprensa, a secretaria defende que o material apreendido pelo Ministério Público numa sala na sede do Instituto de Criminalística de Londrina “não tem absolutamente nada a ver com a investigação da operação Quadro Negro”. A pasta alega que “o que havia na sala era material de perícia anterior à deflagração da ação policial” e que Felipetto “não realizou nenhuma perícia envolvendo” a Quadro Negro.
Sobre a gravação, a Sesp acrescentou que Felipetto “não tem ciência da investigação do Ministério Público e que está à disposição dos promotores para esclarecer eventuais dúvidas”.
Procurado pela RPC TV, o advogado de Felipetto, André Cunha, nega que seu cliente tenha engavetado perícias e disse que acha que, na conversa, ele estava reclamando de sobrecarga de trabalho.
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