Expulso do PT em 2005 por causa do suposto envolvimento no escândalo do mensalão, o ex-tesoureiro Delúbio Soares teve a sua refiliação à legenda aprovada nesta sexta-feira (29) pelo Diretório Nacional do partido. Morador de Goiânia, Delúbio terá de procurar a instância partidária em Goiás para solicitar a filiação e poderá até concorrer a vereador em 2012.

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O retorno foi aprovado pelos integrantes da Executiva Nacional por 60 votos a 15. Foram registradas duas abstenções.

Para autorizar o retorno do ex-tesoureiro, o Diretório Nacional analisou uma carta apresentada por Delúbio na quinta (28) com um pedido de refiliação. Em três parágrafos, o ex-tesoureiro argumentou que nunca procurou outra legenda e que se manteve fiel ao PT durante todo o tempo em que permaneceu fora do partido. Ele é esperado no diretório nacional na noite desta sexta.

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Antes da votação, os integrantes do PT analisaram uma questão de ordem para não votar a refiliação, debateram se o diretório tinha competência para reintegrar o ex-tesoureiro e, por fim, começaram a votar o pedido de Delúbio.

Delúbio Soares é um dos 38 réus do processo do mensalão que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). Revelado em 2005, o esquema, segundo a denúncia do Ministério Público, incluia desvio de recursos públicos para compra de apoio político no Congresso.

Embora o próprio presidente do PT, Rui Falcão, eleito para o cargo nesta sexta, tenha defendido o direito de Delúbio retornar, uma vez que no país "não existe prisão perpétua", a volta do ex-tesoureiro dividiu o partido. O deputado Domingos Dutra (PT-MA) acusou a cúpula partidária de inventar "a expulsão temporária" e rebateu o argumento da prisão perpétua.

"Eles tentam justificar a volta de Delúbio afirmando que no Brasil não existe pena perpétua. Não existe pena, mas será que o Delúbio fez a ressocialização?",ironizou Dutra.

Antes de aprovar o retorno de Delúbio, a cúpula petista debateu a forma pela qual a manobra seria realizada, uma vez que ao Diretório Nacional competiria apenas expulsar militantes, não filiar. A tarefa de filiação seria das instâncias regionais.

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Desde que entregou a carta ao PT, Delúbio se recolheu e evitou contato com a imprensa. Na noite de quinta, ele foi à sede do PT em Brasília para fazer um apelo aos integrantes da sua antiga corrente dentro do PT para que aprovassem o seu retorno.

Parlamentares petistas de diferentes instâncias apoiaram durante os últimos dias o retorno do ex-tesoureiro. A petista Marta Suplicy (SP) argumentou que o melhor momento para debater a volta do ex-colega seria agora, antes do ano eleitoral.

"A hora de votar o retorno do Delúbio é agora, porque em 2012 haverá eleições e essa questão provocará mais polêmica. Sabemos que esse assunto ainda é mal compreendido pela sociedade e, no ano que vem, outros interesses podem prejudicar a volta dele", avaliou Marta.

Já o líder do PT na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (SP), seguiu o mesmo raciocínio do presidente Rui Falcão: "Não defendo pena perpétua para nenhum cidadão. Não iria defender que fosse perpétua para uma pessoa do PT, só porque foi filiado ao PT. O Delúbio foi expulso do PT. Se pedir a reintegração, vou encarar como uma comutação da pena."

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), também se posicionou a favor de Delúbio: "Do meu ponto de vista, até o presente momento não houve nenhuma condenação formal do ex-tesoureiro do PT, e o partido não pode dessa forma manter uma pena."

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