Amapá
Ministro aprovou 7 sindicatos fantasmas
Da Redação
Reportagem publicada ontem pelo jornal Folha de S.Paulo revela que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), concedeu registro a sete sindicatos patronais do Amapá que são, na verdade, fantasmas. Os sindicatos foram criados para representar setores da indústria que, segundo o próprio governo do Amapá, não existem no estado. A formalização das entidades permite, por exemplo, que os dirigentes dos sindicatos recebam parte do imposto sindical e votem para escolher o presidente da Federação das Indústrias do Amapá.
Segundo o jornal, os certificados que formalizaram a criação dos sindicatos foram emitidos a pedido do deputado federal Bala Rocha (PDT-AP), dirigente do partido de Lupi, que afirma ter se valido da proximidade partidária com o ministro.
As certidões foram dadas pelo ministério em abril e agosto de 2009 e levam a assinatura de Lupi e do então secretário de Relações do Trabalho, Luiz Antonio de Medeiros.
O ministério informou que não atendeu a interesses políticos para conceder o registro aos sete sindicatos do Amapá e que seguiu os "procedimentos previstos nos normativos legais que tratam da matéria". Também alegou que não cabe à pasta "apurar se os integrantes da entidade possuem indústria no ramo ao qual pretendem representar".
A cada dia que passa a situação do ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), fica mais complicada. Os jornais O Estado de S. Paulo e O Globo publicaram ontem entrevistas com o dirigente de ONGs Adair Meira, nais quais ele confirma conhecer o ministro. Também diz que os dois viajaram juntos num voo, em dezembro de 2009, a cidades do interior do Maranhão. Na semana passada, em depoimento na Câmara dos Deputados, Lupi negou conhecer Meira.
Além disso, um site maranhense publicou fotos mostrando o ministro descendo de uma aeronave que Lupi também havia negado ter utilizado. Já o jornal Folha de S.Paulo denunciou que Lupi aprovou o registro de sete sindicatos patronais fantasmas no Amapá (leia mais sobre esse caso no quadro).
Ministro confuso
Nas entrevistas que concedeu à imprensa, Adair Meira confirmou ter estado com Lupi na viagem de 2009. "Eu viajei com o ministro num trecho, isso eu confirmo." Meira dirige três ONGs que mantêm contratos com o Ministério do Trabalho que estão sob investigação da Controladoria-Geral da União (CGU). Uma das ONGs, a Pró-Cerrado, não apresentou comprovação de gastos de cerca de R$ 5 milhões repassados pela pasta (o montante que a entidade recebeu é de R$ 13,9 milhões).
Sobre a declaração de Lupi que o desconhecia, Meira foi irônico: "O ministro está confuso em dar esta declaração". Na Câmara, Lupi havia dito: "Nunca andei em jatinho de Adair, não o conheço. Não tenho nenhum tipo de relação com ele". O dirigente das ONGs rebateu: "Queria contestar essa história do ministro. Eu queria dizer claramente que o ministro está equivocado ou está sem memória. Acho que essas palavras bastam por enquanto: ele está equivocado ou sem memória".
Meira também disse ter "providenciado" o avião, mas não alugado como denunciou a revista Veja. "Eu não paguei. Eu indiquei a companhia [aérea]", disse. O avião King Air usado na viagem foi alugado numa empresa de táxi aéreo de Goiânia, sede da ONG Pró-Cerrado.
Em sua defesa, Lupi alegou que o PDT pagou as despesas daquelas viagens ao Maranhão. "Eu não sei quem pagou. Acho que essa versão de que foi o PDT pode ser verdade", disse Meira.
Foto em site
Uma foto publicada no site Grajaú de Fato, da cidade maranhense de Grajaú, uma das visitadas por Lupi na viagem de 2009, divulgou fotos atestando que o ministro usou o avião prefixo PT-ONJ, conforme afirmou a revista Veja. O Ministério do Trabalho, em sua primeira manifestação oficial sobre o caso, divulgou nota negando que Lupi tivesse usado esse avião específico e sustentou que o ministro havia usado em seus deslocamentos no interior do Maranhão outra aeronave.
As entrevistas de Adair Meira e a revelação da foto do avião complicaram a situação do ministro porque, no depoimento, ele pode ter cometido falso testemunho mentir sob juramento. O líder do DEM na Câmara, deputado ACM Neto (BA), quer aprovar convite hoje na Comissão de Fiscalização e Controle para ouvir Meira. "Queremos ouvi-los para tornar oficial a mentira do ministro", disse.
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