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“Eu trabalhei na campanha do deputado Alfredo Kaefer e o deputado, na época, (...) disse que ia tentar ver a possibilidade de nos ajudar aqui em Paranaguá.”Ênio Campos Silva, presidente do PSL de Paranaguá. Em vídeo, ele diz ter um requerimento de Kaefer pedindo para que a Appa e a Casa Civil o indicassem para um cargo | Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo
“Eu trabalhei na campanha do deputado Alfredo Kaefer e o deputado, na época, (...) disse que ia tentar ver a possibilidade de nos ajudar aqui em Paranaguá.”Ênio Campos Silva, presidente do PSL de Paranaguá. Em vídeo, ele diz ter um requerimento de Kaefer pedindo para que a Appa e a Casa Civil o indicassem para um cargo| Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo

Posição do governador

Beto afirma que demissão de Maron não tem relação com denúncia

Fernanda Trisotto e Euclides Lucas Garcia

O governador Beto Richa (PSDB) negou ontem que as denúncias sobre um suposto esquema de venda de cargos no Porto de Paranaguá tenha relação com a demissão, no último dia 16, de Airton Maron da superintendência da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa).

Ontem, ao comentar o assunto pela primeira vez, Richa disse que já vinha estudando a troca de comando na Appa há algum tempo e que as denúncias foram posteriores à substituição de Maron. Richa ainda afirmou que sempre quis Luiz Dividino, o novo superintendente, em sua equipe.

Richa também disse que a mudança na Appa e as denúncias foram coincidências. "Coincidentemente, surgiu uma pessoa que entrou no conto do vigário, na promessa de um cargo que não aconteceu", declarou o governador, referindo-se ao denunciante do suposto esquema de venda de vagas (leia mais na reportagem principal desta página). Richa ressaltou ainda que a pessoa que teria prometido o cargo – o presidente do diretório municipal do PSL em Paranaguá, Ênio Campos Silva – não tem nenhuma relação com o porto.

Na Assembleia Legislativa, o deputado Tadeu Veneri (PT) afirmou que o governador não pode tratar um caso tão grave como algo menor. "Não se pode ter como corriqueira uma negociação de cargos em troca de apoio partidário, que envolve, inclusive, um dos coordenadores da campanha do governador [Alceu Maron] no Litoral." Em resposta, o líder do governo na Assembleia, Ademar Traiano (PSDB), afirmou que é preciso aguardar a apuração dos fatos. "Até agora, não há nenhum envolvimento de funcionários ou diretores do porto. Se houver, as medidas serão tomadas", declarou.

  • Richa: pedindo desculpas.
  • Airton Maron: tentativa de

Em um vídeo postado na internet, o presidente do diretório municipal do PSL de Paranaguá, Ênio Campos Silva, apresentou nova versão sobre a acusação de que teria vendido por R$ 22 mil um cargo comissionado a que teria direito na administração do porto da cidade. Na gravação, Silva nega que o pré-candidato do PSDB à prefeitura de Paranaguá, Alceu Maron Filho, tenha ofertado dois cargos no porto em troca de apoio político na campanha eleitoral deste ano. "O Alceuzinho nunca assumiu compromisso conosco, nunca teve nenhuma ligação com a gente", diz o dirigente partidário no vídeo, divulgado no sábado.

Antes disso, porém, Silva havia dito em entrevista gravada à Gazeta do Povo que recebeu de Alceu a oferta de dois cargos no porto em troca de uma coligação de seu partido com o PSDB para a eleição de outubro. Alceu Maron não é dirigente ou funcionário da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), autarquia do governo estadual. Mas seu primo, Airton Maron, era superintendente da Appa até o último dia 16, quando foi demitido pelo governador Beto Richa (PSDB).

O presidente do PSL diz ainda na gravação que a denúncia envolvendo Alceu Maron "é uma tremenda de uma montagem; uma organização da oposição, que não tem interesse na vitória do Alceuzinho porque ele é o candidato do governador, que vai apoiá-lo nesta eleição de 2012".

No vídeo, o presidente do PSL diz ainda que, como trabalhou nas campanhas de Beto Richa e do deputado federal Alfredo Kaefer (PSDB) em 2010, tinha a "expectativa" de ganhar um cargo na Appa. Kaefer, segundo Silva, ficou de ver a "possibilidade" de ajudá-lo na obtenção da vaga no porto. Ele diz ainda que tem um requerimento do deputado pedindo para que a Appa e a Casa Civil o atendessem com a indicação para um cargo no porto – o que não ocorreu.

Silva afirma ainda que prometeu indicar o comerciante que fez a denúncia para a vaga como retribuição. O dirigente do PSL alega que tinha uma dívida de R$ 22 mil com a pessoa que fez a denúncia e que, como o denunciante estaria desempregado e precisando do dinheiro, chegou a propor a indicação dele à Appa, caso a vaga fosse liberada. O comerciante que faz a acusação conta outra história: alega que Silva vendeu o cargo por R$ 22 mil e não o entregou.

Deputado surpreso

Procurado pela Gazeta do Povo, o deputado Alfredo Kaefer demonstrou surpresa com a nova versão do presidente do PSL de Paranaguá. Kaefer disse que vai apurar o uso de seu nome. O parlamentar disse que não tem nenhuma influência no porto. Mas confirmou que Silva trabalhou em sua campanha em Paranaguá em 2010 e admitiu que pode ter até assinado algum documento indicando-o a um cargo em meio a outros nomes. "Isto é uma prática normal. Depois da eleição, eles trabalharam também para o governador e pedem para ser nomeados. Mas só recomendação, não uma indicação para ocupar o cargo", falou.

Todo o caso está sendo investigado pelo Ministério Público Estadual (MP). Na última sexta-feira, a Polícia Federal, a pedido do MP e com autorização da Justiça, cumpriu mandado de busca e apreensão na Appa para recolher imagens do circuito interno de segurança do porto, computadores e documentos para embasar a investigação de venda de cargos no porto. Um áudio da negociação do presidente do PSL com o denunciante está de posse do MP, bem como os comprovantes dos depósitos bancários, no valor total de R$ 22 mil, que ele fez para Ênio Campos Silva.

Ex-chefe da Appa diz que não existe esquema

Da Redação

O ex-superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) Airton Maron, demitido no último dia 16, falou ontem pela primeira vez à imprensa após as denúncias de venda de cargos no porto. Ele negou que haja o suposto esquema. "Não existe compra de cargo no porto", disse ele em entrevista coletiva.

Airton Maron ainda atribuiu a denúncia, que está sendo investigada pelo Ministério Público Estadual (MP), a uma suposta tentativa de desestabilizar a candidatura de seu primo, Alceu Maron Filho (PSDB), à prefeitura de Paranaguá. "Certamente o que querem é ‘embaçar’ a campanha do Alceu Maron à prefeitura", disse Airton.

Alem do ex-superintendente da Appa, também participaram da coletiva Alceu Maron e o secretário geral do PSDB em Paranaguá, Maurício Vitor Leone. Foi apresentado à imprensa o vídeo em que o presidente do PSL na cidade, Ênio Campos da Silva, dá uma nova versão sobre o caso (leia mais na reportagem principal da página).

"Confiamos nos órgãos de investigação. Quem acusou prova [a acusação] ou vai ter que provar na Justiça", disse o pré-candidato tucano.

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