Mesmo após fechar acordos de delação premiada com o Ministério Público Federa (MPF), os executivos da Camargo Corrêa Dalton Avancini e o Eduardo Leite só serão soltos daqui a 30 ou 40 dias, segundo previsão de seus próprios advogados. Os primeiros depoimentos estão marcados para acontecer ainda esta semana. Depois da homologação do acordo de delação, Avancini e Leite ficarão em prisão domiciliar, usando tornozeleiras eletrônicas.
“Tanto Avancini quanto Eduardo Leite, deverão prestar inúmeros depoimentos dentro do processo de colaboração com a Justiça, mas as datas ainda não foram marcadas. O que sabemos é que começam esta semana em Curitiba (os dois estão presos na Carceragem da PF na capital paranaense)”, disse o advogado Marlus Arns de Oliveira, que vai orientar Eduardo Leite no processo de delação premiada.
Além da liberdade provisória, os dois executivos da Camargo Corrêa negociaram redução de pena, que somente o juiz pode estabelecer e vai depender do teor de suas declarações, se elas avançarão além do que a Justiça já sabe. Segundo Marlus Arns de Oliveira, seu cliente vai colaborar contando tudo o que sabe, além de apresentar farta documentação à Justiça. Há informações de que o MPF e PF desejam que os executivos da Camargo Corrêa falem também sobre a atuação do cartel de empreiteiras em obras que extrapolem o campo da Petrobras. O MPF quer que os executivos falem sobre o cartel em usinas hidrelétricas, como a Belo Monte.
Para obterem o direito dos benefícios da delação premiada, os dois executivos pagarão uma multa de R$ 10 milhões (R$ 5 milhões cada um). “Eduardo Leite sempre demonstrou intenção de colaborar, de revelar as coisas das quais participou, mas estava muito incomodado com os 106 dias em que já passou na carceragem. Por isso, está muito satisfeito de ter fechado acordo de delação premiada com o Ministério Público, pois lhe traz a perspectiva da liberdade, por mais que seja em regime de prisão domiciliar e com uso de tornozeleira”, explicou o advogado.
Nesta segunda-feira, os delatores Julio Camargo, ex-consultor da Toyo-Setal e Camargo Corrêa, e Augusto Mendonça, da Setal Engenharia, foram ouvidos como testemunhas de defesa dos executivos presos desde novembro de 2014. Com o acordo de delação assinado pelos dois principais executivos da empresa, os advogados concentraram as forças na tentativa de desconstruir a tese do Ministério Público Federal (MPF) que incrimina a empresa: o cartel.
Os advogados mostraram documentos e planilhas com listas de obras da Petrobras que estavam no foco do “Clube das Empreiteiras”, como ficou conhecido o cartel, entregues pelo delator ao assinar a delação premiada no ano passado. Eles questionaram Mendonça sobre a confidencialidade dos documentos apreendidos e anotações feitas pelo delator. Ele manteve a versão dada ao MPF no ano passado.