Nos últimos 24 anos, o anseio coletivo dos curitibanos se refletiu nos discursos dos prefeitos eleitos assim que eles tomaram posse da gestão municipal – pelo menos na maioria das vezes. A Gazeta do Povo pesquisou frases ditas pelos políticos que começavam seus mandatos desde 1993 para verificar similaridades.
Em geral, o início do trabalho na prefeitura é como a “prorrogação” do jogo feito na campanha eleitoral, com promessas otimistas e confiança redobrada de que todos os problemas da capital serão resolvidos de uma só vez, como num passe de mágica.
O único que não prometeu ou criou expectativas sobre sua própria gestão nesse período foi o ex-prefeito Gustavo Fruet (PDT). Em 2013, ele preferiu tratar sobre a realidade do caixa da prefeitura e ressaltar a falta de pagamentos a empresas, legado da gestão do então prefeito Luciano Ducci (PSB).
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Coincidentemente, Fruet também deixou para o atual prefeito Rafael Greca (PMN) serviços, como a coleta de lixo vegetal, suspensos por falta de pagamento. Em seu primeiro mandato, em 1993, Greca assumiu o cargo com um discurso de continuidade das inovações implantadas pelo antecessor Jaime Lerner nas áreas do transporte coletivo e trânsito.
“Nosso sistema de transporte consolidará ainda mais sua posição invejável com tubos de embarque, os ligeirões e os ligeirinhos, tornando o direito de ir e vir mais amplo”, afirmou na época.
Prefeito por duas gestões, Cássio Taniguchi (PFL, atual DEM) demonstrou desejo de investir em pavimentação e de atuar na área social, com geração de emprego e combate à violência. Já o sucessor Beto Richa (PSDB) aproveitou o assunto “quente” da época: os radares de trânsito, prometendo acabar com o que chamou de “arapucas”.
Para o cientista político da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Bruno Bolognesi, com exceção de Fruet, que não fazia parte do mesmo grupo político, todos os outros mantiveram linhas de pensamento semelhantes, cada um com seu estilo. “Todos falaram sobre o que afeta o dia a dia das pessoas. O que eles melhor fazem é olhar aquilo que importa para o eleitor, como o transporte, que era a maior bandeira da cidade”, analisou.
Outra característica dos discursos iniciais de governo é o efeito “lua de mel”. “Talvez por isso pode-se considerar que Fruet começou errado ou menos ortodoxo. Como diz uma colega minha, político que não promete não ganha. Por isso, os prefeitos precisam criar uma expectativa e esperança no início, como uma lua de mel”, explica Bolognesi.
Colaborou: Cecília Tümler