A proposta de emenda constitucional do governo do estado que proíbe o nepotismo no Paraná começa a ser discutida na Assembléia Legislativa. Os deputados podem apresentar a partir de hoje emendas ao projeto e os partidos devem indicar os membros para a comissão especial que vai analisar a emenda. O prazo termina na terça-feira.

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O presidente da Assembléia, Hermas Brandão (PSDB), disse que a proposta terá trâmite normal e deve estar em condições de ser votada pelo plenário em 20 dias. "Acredito que a tramitação será rápida pela cobrança da sociedade e pela presença da imprensa acompanhando o processo", disse.

A comissão especial será formada por representantes das cinco maiores bancadas da Casa: PMDB, PT, PFL, PSDB e PDT. A escolha do presidente e do relator será feita pelos próprios integrantes e a comissão tem poder de realizar todas as alterações que julgar necessárias na emenda.

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Os deputados, segundo Hermas Brandão, devem propor várias modificações no texto original do governo para corrigir falhas que possam esbarrar na ilegalidade. "Ou o próprio Executivo poderá retirar a mensagem porque é totalmente inconstitucional", sugeriu o presidente.

O principal ponto de divergência é justamente o que o governo apresenta como diferencial à outra emenda do Legislativo que foi derrubada pela base aliada na votação de terça-feira: o nepotismo cruzado.

Nas interpretações do presidente da Casa, da comissão especial que analisou a emenda rejeitada e de alguns juristas, a proibição é inconstitucional. O argumento é de que só existe nepotismo onde o agente público tem poder direto de nomeação. "Um juiz não pode ser acusado de nepotismo se o irmão dele ocupa um cargo de secretário municipal em uma prefeitura do interior. Só pratica nepotismo quem tem prerrogativa de nomeação", disse o presidente da comissão, Durval Amaral (PFL). Se a lei for aprovada da forma como está, o deputado prevê que será facilmente derrubada na Justiça.

A proibição do nepotismo cruzado pode ser excluída da proposta. A bancada de oposição vai apresentar uma emenda suprimindo o artigo que trata do assunto. O líder da oposição, Valdir Rossoni (PSDB), adiantou que os deputados também vão defender que a futura lei entre em vigor imediatamente após a aprovação e não só em 2007, além de estender a proibição da contratação de parentes para a administração indireta.

Outra mudança na mensagem do governo que os deputados pretendem fazer é na redação do artigo que impede que deputados estaduais sejam nomeados secretários de estado e conselheiros do Tribunal de Contas do Estado. "Proibir deputados de ocupar cargos de confiança não tem nada a ver com parentesco ou nepotismo", disse o autor do projeto que deu origem à emenda do Legislativo, Tadeu Veneri (PT).

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Para o petista, a Assembléia tem um compromisso com a sociedade de aprovar uma emenda proibindo a contratação de parentes no serviço público seja daqui a um mês ou um ano. Quem está atrapalhando o processo, segundo ele, é o PMDB. "O problema é que o governo tomou para si a emenda como se estivesse sendo ofendido, mas tem que entender que é transitório. Talvez se essa mesma proposta tivesse sido discutida no governo anterior, o PMDB teria votado a favor", disse Veneri.