Quem anda pelas ruas de Londrina dificilmente se dá conta de que o município está prestes a escolher o novo prefeito. A quatro dias da eleição, o movimento de cabos eleitorais e carros de som nas ruas é pequeno e fica praticamente restrito aos locais próximos dos comitês de campanha e pontos de apoio nos bairros do segundo maior colégio eleitoral do estado, com cerca de 342 mil eleitores. A desconfiança do eleitorado em relação aos problemas judiciais envolvendo o pleito e a falta de empolgação nas campanhas dos dois candidatos são apontadas como os principais fatores responsáveis pela apatia no clima eleitoral londrinense.
De norte a sul da cidade, as pessoas que se dispõe a fazer campanha por Luiz Carlos Hauly (PSDB) ou Barbosa Neto (PDT) são, na grande maioria, membros de partidos políticos e ex-candidatos a vereador. Já os eleitores comuns se alternam entre a revolta por serem obrigados a voltar às urnas pela terceira vez em menos de seis meses e o receio de perderem o voto caso a nova eleição também seja invalidada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Dizem que a voz do povo é a voz de Deus, mas aqui não foi", lamenta o taxista Manoel Lino da Silva. "Não sou contra a cassação do Belinati. Só questiono por que eles não resolveram isso antes do segundo turno."
Para ele, a cidade perdeu muito com os três meses em que um prefeito interino Padre Roque (PTB) permaneceu no cargo. Na opinião do taxista, Londrina já poderia estar tocando projetos a longo prazo, mas, ao contrário, permanece em compasso de espera pelo resultado da eleição do próximo domingo. "Faço dezenas de corridas todos os dias e vários passageiros me dizem que vão votar nulo ou em branco", conta.
O aposentado Adeirço Rodrigues de Assis é um desses eleitores. A primeira opção dele é não votar em nenhum dos candidatos. No entanto, o aposentado não descarta decidir o voto no momento em que estiver de frente para a urna. "Isso mostra o quanto o voto perdeu seu objetivo. Vou acabar votando sem um porquê, sem questionar quais as melhores propostas para Londrina", diz.
Mais exaltado, o mototaxista Paulo Roberto Vieira garante que não irá ao local de votação em protesto contra o TSE. Para ele, a atitude de cassar o registro de candidatura de Antonio Belinati (PP) somente depois de o deputado conseguir a vitória nas urnas foi uma "palhaçada" com os eleitores de Londrina. "Por mim, quem ganhar ganhou", afirma.
Campanhas insossas
Na avaliação do cientista político Mário Sérgio Lepre, professor universitário em Londrina, já é tradição do eleitor brasileiro não gostar muito de eleições, sobretudo pelo fato de ter o direito de ir às urnas há quase 25 anos e não sentir melhoras profundas em seu dia-a-dia. No caso específico londrinense, em que será necessário votar mais uma vez pelo mesmo pleito, a descrença da população quanto ao sistema eleitoral torna-se ainda maior. "Além disso, o eleitor não entende todos esse trâmites judiciais e se sente tratado como palhaço, sem saber se o voto de domingo vai ser anulado também", revela.
Soma-se a isso, o fato de a disputa em Londrina ocorrer fora de época, longe de viver o clima característico do período eleitoral, que envolve todo o país. "O ambiente da cidade contaminou inclusive os candidatos. A campanha no rádio e na televisão está tão insossa que parece que nem eles mesmos acreditam que um sairá prefeito no domingo", avalia. Para Lepre, como já foram derrotados por Belinati nos dois turnos anteriores, Hauly e Barbosa já entraram na disputa sem a motivação ideal que se espera de um candidato.
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