Um impasse entre PT e PMDB inviabilizou nesta quarta-feira (6) o início dos trabalhos da CPI mista (com deputados e senadores) que vai investigar o cartel do metrô de São Paulo. Os dois partidos disputam a relatoria da comissão e, sem chegar a um consenso, impediram que a comissão de inquérito iniciasse as investigações. O Palácio do Planalto não entrou em campo para viabilizar um acordo porque teme que a CPI arranhe a imagem do partido a dois meses das eleições. Embora congressistas do PT queiram instalar a comissão para desgastar a gestão do PSDB em São Paulo, deputados da oposição prometem apresentar um elo entre a Alstom e a gestão do PT no governo federal - o que acendeu o sinal de alerta no Planalto.
O PT quer ficar com a relatoria da CPI e articulava a indicação do deputado Renato Simões (PT-SP), ex-deputado estadual que fez forte oposição ao PSDB em São Paulo. Ao mesmo tempo, o PMDB da Câmara quer o comando da relatoria para controlar o poder de fogo da comissão às vésperas das eleições. PT e PMDB são adversários na disputa pelo governo de São Paulo.
Membro mais idoso da CPI, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) conseguiu abrir a reunião que instalaria a comissão de inquérito nesta quarta. O petista teve que fazer ligações e mobilizar aliados para garantir o quorum mínimo de 15 congressistas presentes para a eleição do presidente.Depois de atingido o número, Suplicy instalou oficialmente a CPI, mas ela só pode funcionar de fato depois de eleito o seu presidente e o vice.
Suplicy convocou a próxima reunião da comissão de inquérito para o dia 2 de setembro, quando o Congresso promete fazer um novo "esforço concentrado" antes das eleições. Até lá, os congressistas não são obrigados a retornar a Brasília para fazerem campanhas nos Estados.
Com o aval do PT, parte do PMDB indicou o senador João Alberto (PMDB-MA) para presidir a CPI, mas a bancada peemedebista na Câmara não chancela a escolha. João Alberto se ausentou da reunião porque está no Maranhão, o que impediu que a eleição para presidente fosse realizada.
Nos bastidores, senadores afirmam que o PMDB liberou propositalmente João Alberto para inviabilizar a instalação da CPI. Membro da oposição, o deputado Fernando Francischini (SD-SP) colocou seu nome como candidato à presidência, mas foi rechaçado pelos governistas. "É direito do PMDB do Senado indicar um nome para a presidência e ao PT da Câmara indicar a relatoria. Na ausência do senador João Alberto, nós deveríamos buscar entendimento que permitisse que essa CPMI não fosse maculada por golpes de última hora", disse Simões.
Francischini disse que o governo não quer instalar a CPI porque teme o resultado das investigações. "Quem quer apurar não suspende reunião sabendo que só em setembro estaremos aqui de novo. É mais uma pizza, agora sabor 'trem'. O PT não quer investigar lá, não quer investigar aqui. É uma nulidade essa instalação da CPI", disse.
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