A derrocada de Dilma Rousseff começou ainda antes das eleições presidenciais de 2014. A vitória apertada contra o então candidato Aécio Neves, por 51,6% dos votos válidos, dava mostras das dificuldades que presidente petista iria enfrentar para manter a governabilidade.
A Câmara dos Deputados já estava rachada antes mesmo do pleito e um dos principais articuladores era o futuro presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB), responsável por aceitar em dezembro do ano passado o pedido de impeachment contra Dilma.
Dilma se distanciou do Congresso e, em um sistema de presidencialismo de coalizão, isso corre o grande risco de se traduzir em um pecado mortal. Mesmo herdando de Lula, uma base superior de parlamentares não impediu que o chamado “blocão”, capitaneado por Cunha, se articulasse e vencesse as eleições para a Câmara no ano passado.
A rebelião na própria base do Planalto começou em fevereiro de 2014 e reuniu oito siglas partidárias, que na época somavam cerca de 240 deputados federais. Sete partidos eram da própria base aliada do governo (PMDB, PSC, PP, PROS, PDT, PTB, PR) e apenas um oposicionista, o Solidariedade.
Até a eleição de Cunha, o blocão negava existir uma liderança interna. Mas na prática sempre ficou nítido que Eduardo Cunha era o principal porta-voz do grupo. O acordo entre os parlamentares chegou a ser firmado na casa do então líder do PMDB na Câmara.
A formação do blocão foi resultado de uma série de insatisfações com o governo federal, como o não cumprimento de acordos para liberar emendas parlamentares, demora na realização da reforma ministerial, exclusão de políticos da base para a tomada de decisões políticas.
Em março de 2014, aproximadamente 77 parlamentares das bancadas do PP, PROS e PDT anunciaram a saída do blocão. Mas, nem mesmo a saída de 77 deputados federais do blocão diminuiu a articulação política do grupo que de aliados passaram a agir como opositores ao governo federal.
Derrotas
O blocão foi responsável por uma série de derrotas ao governo de Dilma ainda em 2014. Assim que foi criado, os deputados já elaboraram uma pauta incômoda ao Planalto. Os partidos decidiram apoiar a instalação de uma comissão externa da Câmara para apurar a suspeita de que a holandesa SBM Offshore, que aluga plataformas flutuantes a companhias como a Petrobras, teria pago suborno a empresas em vários países, incluindo o Brasil.
Além disso, o grupo conseguiu que o Plenário aprovasse a criação de comissão externa para acompanhar as investigações de denúncias contra a Petrobras e forçaram a convocação de vários ministros do governo para “prestar esclarecimentos”.
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