A Comissão Nacional da Verdade divulgou nesta quinta-feira (9) a existência de informes produzidos pela Exército relevando a presença de uma hierarquia na ditadura militar (1964-1985) sobre a prisão de "políticos, pessoas de relevo e jornalistas". A informação foi divulgada pelo integrante da comissão Claudio Fonteles em um de seis textos publicados no site da entidade.

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Os informes foram produzidos pelo general de divisão Itiberê Gouvea do Amaral, comandante da 4ª Região Militar em 1968.Em referência ao então ministro do Exército, Lyra Tavares, Itiberê afirma que a decisão sobre prisões tinham o objetivo de centralizar o controle após o ato institucional 5, de 13 de dezembro de 1968 -a mais forte ação do regime contra as liberdades civis.

O informe, datado de três dias após o ato, mostra também que, por determinação do então presidente Costa e Silva, essas prisões não deveriam "ser efetuadas sem prévia autorização [dos] ministros", as quais deveriam "submeter-lhe caso julguem necessário". Outro documento produzido por Itiberê, oito dias após o AI-5, revela ainda que "todas as prisões de políticos, jornalistas e pessoas de projeção nacional" deverão ser imediatamente comunicadas à 4ª Região Militar. A mesma determinação vale para o caso de liberação desses preso.

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No informe, o general abre um "campo psicossocial" para tratar da censura à imprensa. "É vedado divulgar notícias referente a prisões ou atos decorrente de censura, com exceção das fornecidas ou autorizadas por fontes oficiais."Segundo o documento, também era proibido "notícias sobre atividades estudantis ou subversão, movimentos operários e greves".

"A edição estará liberada quando o censor, depois de verificar que não houve alteração do texto, a aprovar", afirma o documento, determinando também que duas vias de todos os noticiários deveriam ser solicitadas ao redator-chefe. "A censura deve ser contínua, durante 24 horas do dia."

Em relação às "ações repressivas" aos grupos contrários ao regime, em dezembro de 1970, Itiberê afirma que o I Exército assegurará a todo custo "a ordem interna [...] esmagando rápida e violentamente qualquer movimento subversivo". As ações contra os esquerdistas estavam subordinadas a operação conhecida por "Saturno".

Riocentro

Outro texto divulgado se refere ao atentado frustrado ao RioCentro, em 1981. Ele é baseado em anotações do coronel Julio Molinas, ex-comandante do DOI-Codi, trazidas a público por sua família após seu assassinato no final do ano passado.

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No artigo, Fonteles descreve as anotações de Molinas. Elas descrevem as ações do coronel e de um grupo de oficiais logo após o atentado, momento a momento. Eles indicam que o coronel parecia ter intimidade com os fatos e com os personagens -dois militares sempre apontados como parte da chamada "direita explosiva", que idealizava provocar episódios violentos e culpar setores da esquerda para, assim, impedir a abertura política em curso. O conteúdo dessas anotações foi revelada pelo jornal "Zero Hora".

Outros artigos versam sobre a Guerrilha do Araguaia e sobre os desaparecidos no regime Eduardo Collier Filho e Fernando Augusto Santa Cruz de Oliveira.