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Com mais de 6 milhões de trabalhadores filiados, as cinco maiores centrais sindicais do País estão divididas em relação à eleição presidencial - diferentemente do que ocorreu em 2010, quando todas apoiaram a petista Dilma Rousseff. Há discordâncias até no interior de cada entidade.

Até agora, as três maiores delas - Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Força Sindical e a União Geral dos Trabalhadores (UGT) - já contam com suas cúpulas envolvidas no apoio declarado a, respectivamente, Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). O respaldo desse apoio nas bases, porém, não é pleno.

O melhor exemplo disso é a CUT, braço sindical do PT, partido da presidente. Com seus 2,2 mil sindicatos e 2,7 milhões de sócios, é a maior delas e majoritariamente pró-Dilma.

"Os servidores estão muito magoados com Dilma, que não cumpriu as promessas políticas que a elegeram. Defendemos a neutralidade da CUT nessas eleições", disse Sergio Ronaldo da Silva, secretário-geral da confederação dos servidores federais, a Condsef, filiada à CUT.

"Não é possível sustentar esse distanciamento da presidente com o movimento sindical em um segundo mandato, mas, para nós, é indiscutível que Dilma encarna o melhor projeto para os trabalhadores brasileiros", disse Adi dos Santos, presidente da CUT em São Paulo. Segundo ele, os servidores precisam compreender o quadro geral: "Eles ganharam muito com Lula, é verdade, mas o que perderam com Dilma? Nada. O País é muito maior que a Condsef, a CUT e todo o movimento sindical, e isso precisa ser pensado na hora do voto".

Indicação

A Força Sindical também tem discordâncias internas sobre a sucessão. Segunda maior central do País, com 1,6 mil sindicatos e pouco mais de 1 milhão de filiados, seu principal líder, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SDD-SP), concedeu apoio formal de seu partido, o Solidariedade, para a campanha de Aécio Neves (PSDB). E sugeriu Miguel Torres, seu sucessor tanto na presidência da Força Sindical quanto no poderoso Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, para a vice de Aécio.

"Em 2010, a Força esteve fortemente com Dilma, porque acreditávamos que haveria uma continuidade", disse Torres. "Lula conversava com as centrais, e chamava para falar e ouvir, mesmo quando fosse para negar uma proposta nossa. Dilma não recebe, e não fez política econômica boa. Os trabalhadores perderam poder de compra por causa da inflação."

Tanto Paulinho como Torres enfrentam resistências. O secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna, tenta convencer os associados à central a votar em Dilma. Um dos seus aliados nessa opção é Jorge Nazareno, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, filiado à Força.

Para Nazareno, o projeto petista ainda é superior ao dos demais candidatos. "A dificuldade de diálogo com a presidente é real, e isso não é bom para os trabalhadores", disse o dirigente, que é filiado ao PT. "Mas o projeto do PT ainda é superior a todos os outros quando olhamos a pauta sindical. Ela só terá chances de avanço com Dilma."

Bases

As dissidências atingem ainda a terceira maior central, a UGT. Em 2010, parte da cúpula da central declarou apoio a Serra, mas a grande maioria dos filiados embarcou na campanha de Dilma. Agora, enquanto o presidente da entidade, Ricardo Patah (PSD), defende a reeleição da presidente, outros dirigentes, ligados ao PPS, defendem Eduardo Campos (PSB).

"Fizemos uma pesquisa, em nosso último congresso sindical, ano passado, e vimos que a maior parte da base vota no PT. É claro que parte da base é muito influenciada pelo que diz a central, mas todos têm suas ligações partidárias já definidas", defende Patah, que também preside o Sindicato dos Comerciários de São Paulo. "Eu não tenho como direcionar o voto de todos os 480 mil comerciários da cidade, mas há influência, claro", disse.

A entrada da chapa Eduardo Campos e Marina Silva é forte na UGT, e crescente na CTB, braço sindical do PC do B. Em 2010, a CTB estava de "corpo e alma" com Dilma, disse Joilson Cardoso, vice-presidente da entidade, "mas o quadro agora é totalmente diferente".

Segundo Cardoso, que também é secretário sindical nacional do PSB, "houve uma estagnação do projeto trabalhista no governo Dilma". Para ele, o apoio a Eduardo Campos tem sido crescente no movimento sindical, que renega "os anos de desemprego do PSDB de Aécio, e o atraso que é Dilma".

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