ACM Neto quer cargo da CMPI para a oposição, mas Marco Maia garantiu espaço ao PT e ao PMDB| Foto: José Cruz/ABr

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PCdoB vai indicar Protógenes para integrar comissão

Agência Estado

Se o PCdoB conseguir o direito a uma vaga na CPI do Cachoeira, esta será do deputado federal Protógenes Queiroz (SP), decidiu o partido ontem, apesar das suspeitas que recaem sobre ele. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, Protógenes chegou a combinar versões com dois envolvidos no esquema investigado pela Polícia Federal, na Operação Monte Carlo.

"O deputado Protógenes nos explicou que todas as conversas gravadas pela PF, nas quais ele aparece conversando os agentes, dizem respeito ao trabalho dele na Operação Satiagraha [desencadeada em julho de 2008, sob a direção de Protógenes, que é também delegado da PF, e que visou a reprimir a lavagem de dinheiro]", disse o vice-líder do PC do B, Osmar Junior (PI). Protógenes acabou afastado dessa operação, respondeu a uma sindicância interna e a Operação Satiagraha foi anulada pela Justiça.

Protógenes admitiu que tem "ligação profissional" com Idalberto Matias Araújo, o Dadá. As investigações da PF revelaram seis conversas "suspeitas" do deputado com Dadá, apontado como um dos principais colaboradores de Cachoeira.

A vaga do PCdoB não está garantida, pois a preferência é dos partidos maiores.

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Depois de intensa negociação política, líderes partidários da base aliada apresentaram requerimento para a instalação da CPI do Cachoeira. O documento, que ainda pode ser modificado, restringe a investigação à Operação Monte Carlo e fatos "intimamente" ligados a ela. O texto não agrada a oposição, que reclama que ele é específico demais. Os oposicionistas também reclamaram da falta de espaço que terão na comissão. Segundo o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), PT e PMDB, como maiores partidos, dividirão o comando das investigações.

De acordo com o requerimento, a CPI deve ter a duração de 180 dias. O término deve coincidir com as eleições. E será composta por 15 deputados e 15 senadores com igual número de suplentes.

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A partir do requerimento, deputados e senadores começam a colher assinaturas para dar início aos trabalhos. A previsão de Maia é que ela saia do papel no meio da semana que vem.

O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), afirmou ontem que o período de abrangência das investigações será a partir do início da Operação Monte Carlo, deflagrada pela Polícia Federal, em 2009, e que levou à prisão o empresário de jogos de azar Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A delimitação do tempo também despertou a ira da oposição.

O líder do PSDB, Bruno Araújo (PE), reclamou da delimitação do prazo. "O acordo é para investigar tudo que estiver relacionado com Cachoeira. Estão querendo proteger quem? A Delta?", completou Araújo. Já os oposicionistas temem que a CPMI se tornasse muito ampla.

Cargos

O tucano e o líder do DEM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), reivindicam um dos cargos de comando da CPI para a oposição. A comissão, no entanto, deverá ser presidida por um senador peemedebista e um deputado petista deverá ser o relator. "Esperamos que não seja uma CPI chapa-branca", afirmou ACM Neto. "Se a oposição não ocupar um dos cargos, mostrará que o governo quer proteger os seus", disse ACM Neto.

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Por outro lado, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, conclamou em vídeo que a sociedade se mobilize contra o que chamou de "operação abafa" contra a CPMI. Ele diz que "a bancada do PT na Câmara e no Senado defende uma CPI para apurar esse escândalo dos autores da farsa do mensalão".

Investigação

Enquanto a CPMI ainda patina, a corregedoria da Câmara iniciou ontem os trabalhos de investigação sobre o envolvimento dos deputados Sandes Junior (PP-GO), Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e Rubens Otoni (PT-GO) com Cachoeira. Os três já foram notificados e têm cinco dias úteis para a apresentação de suas defesas. Depois, a investigação terá o prazo de 45 dias para ser concluída.

Cachoeira foi preso pela Polícia Federal no fim de fevereiro durante a Operação Monte Carlo – ele comandava uma rede de jogos ilegais e de tráfico de influência que cooptou parlamentares, policiais e outros agentes públicos.