SÃO PAULO - Apesar de serem obrigados a prestar contas de suas receitas, os 18 governadores eleitos no primeiro turno arrecadaram cerca de 38% de suas doações de forma "oculta, ou seja, via partidos ou comitês financeiros, o que torna impossível identificar a origem do dinheiro.
São R$ 120 milhões, de um total de R$ 318 milhões arrecadados pelos governadores.
Na doação oculta, o valor doado a partidos e comitês é repassado para outros comitês e, por fim, aos candidatos, num caminho que chega a envolver até quatro intermediários. A manobra, que é legal, permite que empresas doem a candidatos sem ter o nome associado a eles.
O campeão é Siqueira Campos (PSDB-TO), com 98% de doações ocultas. Em seguida, aparecem Raimundo Colombo (DEM-SC), com 92%, e Roseana Sarney (PMDB-MA), com 87%.
A partir das prestações de contas dos partidos e comitês, a reportagem conseguiu identificar os maiores doadores aos partidos e a quem os partidos repassaram o dinheiro.
O governador reeleito de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), por exemplo, não recebeu nenhum centavo da Queiroz Galvão, mas a empreiteira doou R$ 500 mil ao diretório mineiro do PPS, que, por sua vez, repassou R$ 60 mil ao tucano.
No total, ele recebeu doações de dez partidos e comitês 47% de seus recursos.
Em Santa Catarina, a declaração de Raimundo Colombo informa que só quatro empresas foram suas doadoras, com R$ 250 mil. É só nas contas do comitê, que financiou 90% de sua campanha, que se vê que a maior doadora, indiretamente, foi a Camargo Corrêa (R$ 1 milhão).
A campanha eleitoal de Eduardo Campos (PSB-PE), que custou R$ 13,8 milhões, recebeu 61% dos recursos do diretório nacional do partido, cujo principal doador, por sua vez, foi a Queiroz Galvão, com R$ 6,5 milhões.
Rosalba Ciarlini (DEM), do Rio Grande do Norte, recebeu 65% em doações ocultas. A maioria veio de seu partido, cujo maior doador é a construtora EIT, com R$ 1,1 milhão.
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