BRASÍLIA - Enquanto o ex-assessor parlamentar da Casa Civil Waldomiro Diniz negava em seu depoimento à CPI dos Bingos que teria trabalhado para arrecadar ilegalmente recursos para campanhas eleitorais, surgiu um documento reforçando o contrário. Trata-se de uma transcrição feita pela Polícia Federal de um diálogo de Waldomiro com o empresários de jogos lotéricos Carlinhos Cachoeira no dia 20 de maio de 2002, no Aeroporto de Brasília. O encontro foi filmado pelas câmeras de segurança e, segundo a perícia, os dois conversaram sobre as chances de Rosinha Matheus vencer as eleições de 2002 no Rio de Janeiro e sobre outras campanhas.
- Com certeza ela vai ganhar, eu tenho acompanhado... já fiz contato contato não só no Rio, mas com outros governadores, eles estão nos apoiando e é coisa grande - disse Waldomiro.
Em outro trecho, ele se mostra preocupado com a justificativa legal para o uso do dinheiro: "Dinheiro não se esconde, precisamos disfarçar... isso a gente precisa lavar". Waldomiro negou os diálogos.
Ele também negou à CPI que tivesse cobrado propina de Cachoeira. Amparado por um hábeas-corpus que impedia que fosse preso ao ser flagrado mentindo, ele tentou inverter a acusação: disse que foi achacado por Cachoeira e que nunca pediu dinheiro para as campanhas de Benedita da Silva (PT) e de Rosinha Matheus (PMDB) em 2002.
- Eu não pedi dinheiro, me foi oferecido - disse.
A resposta indignou os senadores, que momentos antes tinham assistido à exibição do vídeo em que Waldomiro, então presidente da Loterj, aparece pedindo R$ 300 mil para as campanhas, além de 1% do valor do negócio de comissão, em troca de favorecimento em contratos de exploração de jogos eletrônicos no Rio. Insatisfeitos, os parlamentares aprovaram uma acareação entre os dois.
Com uma postura humilde, Waldomiro pediu desculpas aos senadores por 37 vezes por não saber responder a uma pergunta ou por se desviar do assunto. E fez questão de isentar Benedita e Rosinha.
- Eu não fui delegado por Rosinha e Benedita para arrecadar recursos para campanha. E não foi me repassado nenhum centavo para as campanhas.
Mas Waldomiro reconheceu à CPI ter recebido R$ 100 mil de Cachoeira, que é goiano, e repassado o dinheiro para o então candidato ao governo do Distrito Federal Geraldo Magela (PT-DF). Detalhes da agenda de Waldomiro, em poder da CPI, mostram que ele atuava próximo ao poder quando assessorava o ex-ministro José Dirceu. Em pouco mais de um ano, há 36 registros de reuniões com ministros, 147 com parlamentares e 54 com o próprio Dirceu, com quem despachava diretamente.
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