Documentos da Operação Castelo de Areia deflagrada pela Polícia Federal em abril envolvendo executivos da Construtora Camargo Corrêa apontam para um suposto esquema de mesada a funcionários públicos e doações mensais a políticos e partidos, os quais teriam usado os recursos como caixa 2 eleitoral. Os papéis foram anexados ao relatório final da operação pela Polícia Federal. As informações foram divulgadas ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo.
No dossiê há dados sobre 208 obras realizadas pela Camargo Corrêa entre 1995 e 1998, no Brasil e no exterior (Bolívia e Peru). Nesse período, os pagamentos que teriam beneficiado deputados federais, senadores, prefeitos e servidores municipais e estaduais teriam sido de R$ 178,16 milhões.
As planilhas estavam sendo analisadas desde junho pela equipe da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros da Polícia Federal, que encerrou o trabalho na semana passada. O Ministério Público Federal poderá requisitar o envio à Procuradoria-Geral da República dos dados referentes a autoridades que têm foro privilegiado que aparecem no dossiê.
Os papéis que ajudaram a compor o dossiê foram recolhidos na casa do executivo Pietro Bianchi, um dos dirigentes da Camargo Corrêa investigados. Eles estão datilografados e não têm assinatura. Nos documentos, há indicação de repasses em dólares aos supostos beneficiários do esquema, o que reforça a suspeita de caixa 2. Entre os citados está o deputado licenciado Walter Feldman (PSDB-SP), atual secretário municipal de Esportes de São Paulo.
Em uma das páginas, há a referência a quatro lançamentos em nome do secretário, no período de 13 de janeiro a 14 de abril de 2009, totalizando US$ 20 mil. Em outra folha, aparecem 12 lançamentos em nome de Feldman, de US$ 5 mil por mês entre janeiro e dezembro de 1996. Em outro arquivo apreendido há a expressão "Palácio Band" com a indicação de lançamentos de US$ 45 mil entre 8 de fevereiro e 30 de setembro de 1996. Também aparecem nas anotações referência à Companhia Energética de São Paulo. Há outras citações a empresas e pessoas, mas a identificação ainda não foi feita.
Outro lado
Walter Feldman lamentou o aparecimento do seu nome e disse que era "ridículo" ele ser citado na investigação. O advogado de defesa da Camargo Corrêa, o criminalista Marcio Thomaz Bastos, não quis se pronunciar sobre as revelações por, segundo ele, não conhecer os documentos. O criminalista Celso Villardi, que defende os executivos da Camargo Corrêa, afirmou que o material é apócrifo e lamentou o fato do dossiê ter sido divulgado para a imprensa antes de chegar ao conhecimento dos advogados.
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