Embora a delação de Alberto Youssef não tenha sido homologada, as informações do doleiro sobre o caso Copel/Olvepar ficaram registradas em um interrogatório realizado em 16 de dezembro de 2003 pelo juiz federal Sergio Moro, hoje também à frente da Lava Jato. A principal diferença entre as declarações de Youssef naquele ano para a delação formalizada no mês passado é o envolvimento do nome de Durval Amaral, que em 2003 era deputado estadual e hoje é conselheiro do Tribunal de Contas do Paraná. O nome dele aparece apenas na colaboração do final de 2003.

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Todos os outros nomes são citados novamente pelo doleiro, como o ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Paraná Heinz Herwig e o ex-diretor-presidente da Copel e ex-secretário da Fazenda Ingo Hubert. Youssef afirma que ambos receberam dinheiro que saiu da compra, pela Copel, de créditos de ICMS da Olvepar. No caso de Ingo, Youssef afirma que ele mesmo fez a entrega na casa do ex-secretário estadual.

O Ministério Público Estadual identificou o pagamento de R$ 39,6 milhões da Copel pelos créditos de ICMS. O pagamento foi feito aos representantes da Olvepar em três parcelas, no final de 2002. Youssef alega, porém, que movimentou R$ 19 milhões nas três operações que realizou. “Tudo dava a entender”, segundo Youssef, que o dinheiro serviria para campanhas eleitorais de aliados.

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O doleiro também voltou a falar na nova delação que soube que 400 mil dólares iriam para o então governador Jaime Lerner, e que chegou a ser pressionado para agilizar a entrega do dinheiro por duas pessoas do alto escalão do Executivo, José Cid Campêlo Filho (ex-secretário de Governo) e Guaraci Andrade (ex-secretário-chefe da Casa Civil).

“Ele é um mentiroso”

Em entrevistas à reportagem, o advogado Cid Campêlo, e também o ex-chefe da Casa Civil Guaraci, chamaram Youssef de “mentiroso” e negaram veementemente as declarações do doleiro. Cid Campêlo fez uma interpelação extrajudicial contra Youssef e o advogado dele, Antonio Figueiredo Basto. Para Cid Campêlo, a nova delação de Youssef é uma “heresia jurídica” feita com o intuito de “pressionar a opinião pública”. “Essa história de que a primeira delação não foi homologada é papo furado. Não precisava. O Youssef voltou a falar disso para requentar o caso”, afirmou ele.

Cid Campêlo nega ter falado com Youssef. “Só o vi uma vez na vida, em uma audiência.” Ele reforça ainda que a Justiça Estadual não viu nada irregular na operação de créditos de ICMS da Olvepar. Ele se refere a uma decisão do juiz Roger Vinicius Pires de Camargo Oliveira, da 3ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba, que julgou improcedente a ação civil de improbidade administrativa sobre o caso Copel/Olvepar. A sentença saiu apenas em maio deste ano, quase 12 anos depois do início do trâmite do processo, e o Ministério Público Estadual recorreu ao Tribunal de Justiça do Paraná.

Já Guaraci disse que “nunca viu e nunca falou” com Youssef. “Só o conheço pela imprensa.” Ele também destacou que, assim como Cid Campêlo, não foi denunciado à Justiça Estadual.

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Questionado se as pessoas citadas na delação de Youssef, e que não estão na lista de réus, devem ser investigadas, o promotor de Justiça Jacson Luiz Zilio respondeu apenas que “mera menção de nome não tem valor probatório”. A reportagem também não conseguiu esclarecer se, no passado, eles chegaram a ser investigados pelo Ministério Público Estadual.

Também advogado de Lerner, Cid Campêlo destacou que a denúncia por peculato feita contra o ex-governador pelo Ministério Público Federal, em 2008, foi rejeitada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) no ano de 2010. Para os ministros do STJ, não havia “ausência de lastro probatório mínimo”, conforme escrito pelo relator na época, Luiz Fux.

O advogado Roberto Brzezinski Neto, que defende Heinz Herwig e Ingo Hubert, não retornou aos recados deixados pela reportagem no celular e no escritório ao longo da última semana.

Caso Copel Adifea

Na nova delação sobre o caso Copel/Olvepar, o doleiro Alberto Youssef também confirmou que, em 2002, foi acionado pelo empresário Maurício Silva, dono da Embracon (Empresa Brasileira de Comunicação Empresarial e Consultorias S/C Ltda). Youssef já era conhecido de Silva, réu em outro escândalo da gestão Jaime Lerner, o caso Copel/Adifea. A Embracon também mantinha dezenas de contratos com o governo estadual na época. A reportagem não conseguiu contato com Silva, nem com a Embracon.

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