O doleiro Alberto Youssef, peça central da Operação Lava Jato, afirmou à Justiça Federal que a empreiteira OAS trabalhava com esquema de caixa dois. Em audiência na última sexta-feira, 4, em que depôs como testemunha de acusação do ex-deputado Luiz Argolo (afastado do SD/BA), o doleiro afirmou que ‘fazia alguns trabalhos de caixa dois para a empresa’, referindo-se à construtora que, segundo o Ministério Público Federal, fez parte do cartel que se apossou de contratos bilionários na Petrobras, entre 2003 e 2014.
Durante as investigações, a Polícia Federal interceptou comunicações do doleiro com Argolo. Numa delas, em março de 2014, dias antes do estouro da Lava Jato, o então deputado pergunta a Youssef, por torpedo, se ele estava com Mateus - Mateus Coutinho de Sá Oliveira, na ocasião diretor-financeiro da OAS.
Na audiência de sexta, o juiz federal Sérgio Moro, indaga do doleiro qual o significado da mensagem. “Ele (Argolo) sabia que eu conhecia a OAS e que eu fazia alguns trabalhos de caixa dois para a empresa. Ele sempre me pedia para que eu pedisse à empresa ajuda para campanha dele.”
Mateus Coutinho foi condenado no dia 5 de agosto a onze anos de reclusão junto com José Ricardo Nogueira Breghirolli, outro executivo da OAS. Os principais dirigentes da empreiteira, José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro, ex-presidente do grupo, e Agenor Medeiros, ex-diretor de Internacional da OAS, pegaram penas mais elevadas, 16 anos e 4 meses de prisão. Eles foram condenados por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.
Na audiência na Justiça Federal, o doleiro Youssef que muitas vezes ‘empurrou com a barriga’ solicitações de Luiz Argolo. “Eu sempre disse a ele que ia pedir, mas essa situação, como já detalhei no meu interrogatório (no processo da OAS), isso não aconteceu porque, na verdade, fui empurrando com a barriga até para não criar um certo mal estar entre a empresa e a mim e tanto ao deputado. Até porque ele (Mateus Coutinho) já conhecia o deputado Luiz Argolo de infância.”
O juiz Moro insistiu. “Ele (Argilo) queria dinheiro da OAS?”
Alberto Youssef respondeu. “Ele queria que a OAS ajudasse ele na campanha com valores.”
O juiz: “Doação oficial?”
“Doação oficial, podia ser doação oficial, podia ser que não fosse oficial, dependia como a empresa iria solucionar.”
Não é a primeira vez que o doleiro relata operar dinheiro para a empreiteira fora do esquema de corrupção na Petrobras. Em sua delação aos investigadores da Lava Jato, Youssef explicou as siglas das planilhas encontradas pela PF que revelam a movimentação de R$ 28 milhões do doleiro para a empreiteira sem ligação com os desvios na estatal.
A OAS vem negando envolvimento de seus executivos em irregularidades e não comenta o andamento das investigações da operação.
Médicos afirmam que Lula não terá sequelas após mais uma emergência de saúde em seu 3º mandato
Saúde de Lula ameaça estabilidade do Governo em momento crítico; acompanhe o Sem Rodeios
Mudanças feitas no Senado elevam “maior imposto do mundo” para 28,1%
Congresso dobra aposta contra o STF e reserva R$ 60 bi para emendas em 2025
Deixe sua opinião