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Brasília (Folhapress) – O doleiro paranaense Alberto Youssef disse ontem, em depoimento reservado na CPI dos Correios, que pagou propina semanal para diretores do Banestado em troca de favorecimentos do banco para poder enviar até US$ 15 milhões diários para o exterior por meio de contas CC-5. Youssef teria dito, conforme o relato de três parlamentares que participaram da sessão, que o esquema ocorreu de 1996 a 2000.

O doleiro, que cumpre pena em regime semi-aberto sob acusação de evasão de divisas, disse ter enviado para fora do país US$ 2 bilhões no período 1996-2000. Parlamentares estimam que US$ 25 milhões ficaram com Youssef a título de comissão. Segundo as investigações da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da CPI do Banestado, Youssef e dezenas de doleiros mandavam ao exterior, por meio de contas CC-5 (para residentes no exterior) abertas em nome de laranjas ou empresas fantasmas, recursos provenientes de caixa 2 de empresas e profissionais liberais, corrupção e desvios de dinheiro público.

Segundo o doleiro, o Banco Central autorizava ao Banestado fazer operações com CC-5 até um limite de US$ 15 milhões diários. Com o pagamento da propina, Youssef disse que conseguia monopolizar as remessas, atingindo praticamente sozinho o limite permitido.

O doleiro contou que também tentou corromper funcionários do Banco Central – para que aumentassem o teto ou afrouxassem a fiscalização –, mas a oferta não teria sido aceita.

Parlamentares da CPI disseram que o valor pago por Youssef a diretores do Banestado era de US$ 7 mil semanais – Youssef não citou claramente esse valor, que teria surgido no decorrer de investigações da Polícia Federal, segundo o deputado Sílvio Torres (PSDB-SP).

Youssef foi chamado à CPI porque outro doleiro, Antônio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, havia dito que o paranaense apresentara o deputado José Janene (PP-PR) aos donos da corretora Bônus-Banval, de São Paulo. Supostamente relacionada a políticos do PT e do PP, a corretora foi o destino de R$ 6,5 milhões das operações financeiras montadas pelo PT e pelo publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza para dar dinheiro a parlamentares da base aliada no escândalo do mensalão.

Youssef negou ter feito a apresentação, mas disse conhecer os donos da corretora e admitiu ser "amigo e compadre" do deputado Janene.

Negou ter operado para o deputado ou qualquer outro partido e negou conhecer o publicitário Marcos Valério e o ex-tesoureiro nacional do PT Delúbio Soares.

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