Richard Otterloo, um dos doleiros mais investigados do país, diz que deu R$ 300 mil ao deputado José Mentor (PT-SP). A propina teria sido paga para que o nome dele ficasse de fora da CPI do Banestado. Condenado a oito anos de prisão, por crime contra o sistema financeiro, o doleiro conseguiu habeas corpus e decidiu falar o que sabe em troca de redução de pena.
Em depoimento, disse ter movimentado entre US$ 30 milhões e US$ 40 milhões em contas ilegais nos Estados Unidos, dinheiro atribuído à família Maluf. As contas operadas por ele também apareceram nas investigações da Polícia federal sobre o escândalo Banestado. Um esquema bilionário de remessa ilegal de dólares para o exterior.
No depoimento, o doleiro disse que por intermédio de Flávio Maluf, filho do ex-prefeito de São Paulo, pagou propina para ficar fora da CPI do Banestado. De acordo com Otterloo, o dinheiro foi pago para o relator da CPI, deputado José Mentor.
O doleiro conta que Flávio Maluf pediu que pagasse ao deputado R$ 300 mil. O dinheiro foi entregue, em espécie, num flat em São Paulo, a um intermediário indicado pelo relator da CPI.
A CPI do Banestado terminou há um ano e meio. O relatório final nunca foi votado e não faz qualquer menção a Otterloo ou à família Maluf.
O delegado José Flávio de Castilho Neto reclama que teve muita dificuldade para investigar os doleiros durante os trabalhos da CPI.
- O relator da CPI, deputado José Mentor, na minha opinião, se comportou mais como um advogado de defesa do que um investigador.
Mentor, através de sua assessoria, negou ter recebido dinheiro para retirar do relatório da CPI o nome do doleiro.
Já Paulo Maluf divulgou nota dizendo que ele e o filho nunca tiveram qualquer relação com Otterloo e que a família não tem conta no exterior.
O Ministério Público de São Paulo enviou cópias do depoimento do doleiro à Procuradoria Geral da República e à Câmara dos Deputados.
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