O doleiro Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, denunciou na edição da revista "Veja" que o PT envia dinheiro ao exterior desde a preparação da primeira campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, em 1989. Toninho, que cumpre pena de 25 anos de prisão em Avaré, no interior de São Paulo, por evasão de divisas, afirmou que as remessas se multiplicaram nos anos 90.
Segundo o doleiro, o esquema utilizava o Trade Link Bank, instituição que seria ligada ao Banco Rural nas Ilhas Cayman, e numa empresa offshore criada no Panamá, que também funciona como um paraíso fiscal. Em seu depoimento à CPI dos Correios nesta semana, o publicitário Duda Mendonça, disse que a maior parte do dinheiro que recebeu no exterior do empresário Marcos Valério saiu de uma conta no Trade Link Bank, em Cayman. O Banco Rural informou neste sábado que o Trade Link Bank não faz parte do grupo.
Em entrevista exclusiva ao Jornal Nacional, a esposa de Toninho contou acreditar que o marido fez operações de envio de dólar para o exterior para o PT, e que o doleiro chegou a ser procurado em junho por dois advogados na cadeia, que seriam emissários do deputado federal José Mentor (PT-SP), que foi relator da CPI do Banestado, que investigou evasão de divisas.
"Ele se transformou num arquivo vivo, tenho medo que matem ele", afirmou a mulher de Toninho.
O doleiro escreveu carta à mulher em que conta que iria a Brasília depor na CPI do Banestado, mas que a convocação chegou em cima da hora, o que inviabilizou a viagem. "Foi uma artimanha", escreveu ele, acrescentando que havia receio de que o depoimento trouxesse prejuízo para o grupo de Mentor. A CPI terminou sem ter ouvido Toninho.
O deputado petista alegou desorganização da secretaria da CPI no episódio da convocação de Toninho.
"Não conheço Toninho da Barcelona, nunca encaminhei qualquer representante para falr com ele e também não tenho conhecimento de que o PT tenha mandado dinheiro para o exterior", completou Mentor.
O advogado de Toninho, Ricardo Sayeg, disse ao Jornal Nacional:
"A orientação que dei a ele é que exponha o que sabe imediatamente".
Ricardo Berzoini, secretário-geral do PT, disse que a denúncia de Toninho não será deixada de lado, mas advertiu:
"É preciso investigar, apurar, mas sem conferir credibilidade a criminosos que tenham eventualmente interesse em fazer denúncias infundadas contra o PT".
Nas cartas que mandou à mulher e familiares, Toninho se disse disposto a depor na CPI dos Correios para contar o que sabe sobre as remessas clandestinas que fez durante anos para políticos e partidos.
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