A doméstica Angélica Aparecida Souza, que foi condenada a 4 anos de prisão em regime semi-aberto por tentar furtar um pote de manteiga, dá nesta semana o primeiro passo para recuperar a guarda do filho de 3 anos, perdida por causa do delito. Ela conseguiu um emprego com carteira assinada e começa a trabalhar numa empresa de terceirização de serviços de limpeza.
De acordo com o advogado de Angélica, Nilton José de Paula, um empresário se sensibilizou com a história e ofereceu o trabalho. Para o advogado, o mais importante é que ela saia da economia informal e volte a ser registrada. O juiz que destituiu a guarda do filho de Angélica só revisaria a decisão depois que ela conseguisse um emprego com carteira assinada.
- É o primeiro passo. Depois, ela quer voltar a estudar e conseguir trazer o menino de volta para seu convívio.
Hoje, a criança é criada por uma irmã. Ela o visita sempre que pode, pois não há impedimento.
O advogado informou que ela não está cumprindo a pena de quatro anos porque a sentença prevê que aguarde em liberdade até que se esgotem todos os recursos para modificar a decisão.
O advogado de defesa disse que está esperando a sentença ser publicada no Diário Oficial para entrar com um recurso. Depois, o processo seguirá para o Ministério Público para que o promotor faça a contra-argumentação. Em seguida, o documento será enviado para o Tribunal de Justiça, para que um juiz aprecie o pedido.
- Acredito que somente em fevereiro ou março teremos uma decisão. Por enquanto, ela aguarda o recurso em liberdade - diz Nilton José de Paula.
A garota de 19 anos vinha encontrando dificuldade para obter um emprego formal.
- Está difícil porque sempre que vou procurar emprego pedem a ficha de antecedentes criminais. Uma vez menti. Disse que minha ficha era limpa. Dois dias depois, quando a empresa levantou meus dados, descobriu que eu tinha sido presa. Fui mandada embora - afirmou ela em entrevista recente ao GLOBO ONLINE.
Órfã de pai e mãe e criando dois irmãos de 15 e 13 anos, Angélica vinha se virando com bicos de doméstica. A mãe morreu dias depois que ela saiu da prisão de insuficiência respiratória. O pai morreu quando ela tinha 12 anos de leptospirose. A adolescente virou arrimo de família.
- Já paguei tudo o que tinha para pagar - diz ela, referindo-se ao tempo de prisão e à morte da mãe.
Ela mora atualmente numa casa de alvenaria que herdou da mãe: uma construção de dois cômodos no Jardim Maia, na zona leste da capital. A residência é simples, mas tem TV, geladeira, som e liquidificador. Fica sob o Viaduto da China.
Advogado afirmam que o crime cometido por Angélica foi furto, já que não houve violência ou uso de arma, e não roubo. Se fosse condenada por furto, nem iria para a cadeia e poderia pagar pelo que fez com trabalhos comunitários, por exemplo.
Em entrevista à revista Época, o promotor do caso, Marcelo Barone, disse que Angélica ameaçou o dono do estabelecimento de onde a manteiga (valor de R$ 3,00) foi roubada. Angélica nega. Ela disse que foi insultada pelos seguranças depois de ter confessado que pegou a manteiga e ter pedido desculpas.
Segundo o promotor, Angélica era temida no bairro por ser prima do Batoré, um criminoso que ficou bastante tempo na Febem.
Ela se mostra inconformada com tudo o que passou.
- Há casos piores que o meu, como vi na prisão, e as pessoas foram soltas antes. Isso me deixa inconformada - diz a menina.
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