A dona-de-casa Guiomar Lírio de Oliveira, 62 anos, pode ser a quarta vítima do pedreiro Lourival Donizeti da Silva. Conhecido como Val, 40 anos, o pedreiro foi preso na noite da última quinta-feira e é acusado de matar, entre 1996 e 2002, pelo menos três mulheres com as quais se relacionou e esconder o corpo de duas delas.
Guiomar está sumida desde 3 de agosto de 2005, um mês e meio após romper o namoro de oito meses com ele. Na noite anterior ao desaparecimento, Val despediu-se de amigos, dizendo que ia visitar os pais no Sul do país.
- Tenho certeza de que ele matou minha mãe e escondeu o corpo, como fez com as outras. Ninguém desaparece assim, do nada - diz o microempresário Cléber Marcelo Lírio Lourenço, um dos três filhos de Guiomar.
Segundo ele, Guiomar foi vista pela última vez na chácara onde morava, em Nazaré Paulista, na região de Atibaia, às 11h de 3 de agosto de 2005. Os filhos só descobriram o fato cinco dias depois, quando uma tia ligou para a casa deles procurando Guiomar.
- A casa dela estava trancada e o carro na garagem. Não havia sinais de luta nem de arrombamento. Só desapareceram a bolsa, com documentos, celular, R$ 800 e o revólver do meu irmão - diz Lourenço.
Os filhos de Guiomar vasculharam a chácara toda à procura do corpo da mãe, mas não acharam nada.
- Só queremos saber o que aconteceu e lhe dar um enterro digno.
Cléber diz que Val se apresentou como Luís e disse que era da região Sul. Depois, a família descobriu que ele nasceu na cidade mineira de Gonçalves. Cléber conta que Val parecia uma pessoa acima de qualquer suspeitas.
- Ele é educado, atencioso, prestativa e muito inteligente. Ele chegou a reformar a chácara da minha mãe só para conquistar confiança dela - diz.
Lourenço afirma que a mãe nunca reclamou do namorado. Para ele, Guiomar acabou o relacionamento porque os filhos não aprovavam o namoro por causa da diferença de idade.
Val estava com prisão preventiva decretada pela morte das três mulheres. Ele foi localizado e preso na noite de quinta-feira, quando perambulava pela Rodovia Dom Pedro, em Igaratá a cerca de 8 km do local onde Guiomar morava. O acusado carregava pneus velhos de bicicleta e uma garrafa de álcool. Uma testemunha o reconheceu e avisou a polícia.
- Na hora, ele só falou que era a segunda vez que o confundiam - conta o soldado Pedro Ernesto Lopes, da PM de Igaratá.
Val ficou só um mês preso após a morte da primeira mulher, Selma Aparecida Leite, de 28 anos. Ela foi enforcada em 12 de novembro de 1996, em São José dos Campos, Vale do Paraíba, e seu corpo escondido no banheiro da casa que o casal construía. Foi a segunda vítima, Eliana de Moraes, de 44 anos, quem pagou advogada para libertá-lo.
- Ele convenceu a Eliana de que a Selma se suicidou. Mas depois a advogada a alertou para tomar cuidado e ela ficou com medo - diz a mãe de Selma, Maria Helena Guimarães.
Eliana, que também morava em São José dos Campos, mandou o marido embora. Mas, segundo testemunhas, Val invadiu a casa pelo telhado e a matou com tiro na testa, em 19 de setembro de 2000.
Após o crime, fugiu para Atibaia, onde conheceu Vanessa Maria da Silva, de 18 anos, com quem teve um filho.
- Meses depois, a polícia o encontrou, mas quando foi prendê-lo ele já havia fugido. Na época, alertei Vanessa do perigo que corria, mas ela não acreditou - diz Maria Helena.
Vanessa foi morta em 5 de agosto de 2002 e o corpo escondido em matagal.
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