O empresário Ricardo Pessoa, dono das empreiteiras UTC e Constran, assinou nesta quarta-feira (13) um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) em Brasília. Acusado de ser o líder do cartel de empreiteiras que fraudava as licitações da Petrobras, ele prometeu revelar o que sabe sobre pagamentos de suborno na estatal e em outras empresas públicas.
Nas primeiras declarações a procuradores, feitas em meio às negociações da delação, Pessoa disse que fez doações à campanha de reeleição de Dilma Rousseff temendo retaliações e acusou o ex-ministro das Minas e Energia Edison Lobão de ser beneficiário de propinas. Ele também se comprometeu a pagar uma multa de R$ 55 milhões, a 2.ª mais alta entre os delatores da Operação Lava Jato (a maior foi paga pelo ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, de US$ 97 milhões, o equivalente a R$ 295 milhões).
PF pede quebra de sigilo bancário e fiscal de Renan e Collor
A Polícia Federal (PF) encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedido para quebrar o sigilo bancário e fiscal do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do senador Fernando Collor (PTB-AL). Ambos são alvo de investigação da Operação Lava Jato
Leia a matéria completaNas negociações para o acordo, Pessoa disse que deu R$ 7,5 milhões à campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) no ano passado, negociados com o tesoureiro Edinho Silva. A doação, segundo Pessoa, visava evitar retaliações em contratos com a Petrobras.
Atualmente, Edinho ocupa o Ministério da Secretaria de Comunicação Social. Ele negou haver relação entre doações eleitorais e contratos com a Petrobras.
Pessoa também citou o ex-ministro Edison Lobão como beneficiário de propina na época em que era o titular das Minas e Energia, no primeiro governo de Dilma Roussef (2011-2014). O empresário contou que Lobão recebeu R$ 1 milhão para não criar empecilhos na obra da usina nuclear de Angra 3.
Procurado, o advogado de Lobão, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, não havia sido localizado.
A UTC conquistou um dos contratos da usina de Angra, obra estimada em R$ 2,9 bilhões, em consórcio formado com a Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez. Todas essas empreiteiras são investigadas pela Lava Jato sob suspeita de terem pago propina para conquistar contratos da Petrobras.
Outras estatais
Pessoa e outros dois executivos da Camargo Corrêa que fizeram acordo de delação foram os primeiros investigados a apontar que essa prática de suborno também ocorria em outras empresas públicas.
Pessoa ficou preso de 14 de novembro a 28 de abril, quando o Supremo Tribunal Federal decidiu que ele deveria sair da custódia da Polícia Federal em Curitiba e cumprir prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.
Quatro horas
Para fechar a delação premiada, Pessoa foi autorizado a viajar a Brasília. Ele esteve acompanhado de seus advogados em uma reunião com procuradores que atuam na Lava Jato. O encontro durou cerca de quatro horas, entre o fim da manhã e o meio da tarde desta quarta.
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