Alguns detalhes da colaboração do Grupo Madero com a Operação Carne Fraca foram revelados por Junior Durski, fundador da rede de restaurantes, em entrevista à revista Veja . Além de confirmar o que já tinha vindo a público – como a propina pedida por fiscais em picanha e hambúrguer –, Durski contou sobre outras tentativas de extorsão. Ele afirma que foi procurado pela investigação da Polícia Federal, que já sabia que uma agente do Ministério da Agricultura pretendia pedir R$ 80 mil para liberar a autorização de exportação. A rede tem restaurantes no exterior, como Miami, está em expansão e queria enviar carnes para outros países.
Durski relatou que achaques ocorreram por aproximadamente um ano e que os funcionários da fábrica tentaram resistir, mas acharam que o trabalho na unidade poderia ser parado a qualquer momento caso os pedidos não fossem atendidos. “Os processos e procedimentos são 100% cumpridos. Aí vem um fiscal e diz que, se você não der o que ele quer, vai arranjar problemas e fechar sua fábrica (...) Você resiste ele começa a procurar pelo em ovo (...) apontando problemas irrelevantes, como um azulejo trincado ou uma lâmpada queimada”, comentou, destacando que o temor de rigor excessivo na fiscalização levou funcionários da fábrica a concordar com a extorsão.
Além de pagamento em carne, uma das vezes um funcionário teria pago do próprio bolso R$ 4 mil para a fiscalização. As situações foram relatadas a Durski, que teria discordado da atitude e determinado que nunca mais fossem feitos pagamentos. Para ele, os fiscais iam querer sempre mais, tornando a situação insustentável. Sobre o fato de não ter denunciado antes a extorsão, Durski destacou a impunidade nos sistemas públicos. “O empresário pensa: se eu denunciar, não vai acontecer nada com o fiscal, e depois ele volta e me arrebenta”, disse em entrevista à Veja.
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