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O empresário Oscar Maroni Filho, dono da boate Bahamas, deixou a carceragem do 13º Distrito Policial da Casa Verde, na Zona Norte de São Paulo, às 19h30 desta terça-feira (2).

Maroni saiu do local acompanhado pelos seus genro e assessor de imprensa, segurando uma camisa "Free Maroni". Ele entrou Mercedes-Benz, baixou o teto solar e, ao som de "Pra não dizer que não falei de flores" - do músico Geraldo Vandré -, despediu-se dos jornalistas.

O empresário estava preso desde 14 de agosto. A Justiça decretou a prisão de Maroni a pedido do Ministério Público Estadual, que o acusa de favorecimento e exploração da prostituição, formação de quadrilha e tráfico de pessoas.

Maroni contou que aprendeu muito durante o período que ficou preso. Ele disse que há um crucifixo na área comum entre as celas do 13º DP e, antes de sair da delegacia, ajoelhou-se e rezou. "Ao sair me ajoelheie e choreie. É muito emocionante. É muito interessante esses momentos de reflexão", disse.

Questionado sobre uma possível candidatura a prefeito de São Paulo, Maroni falou que vai discutir isso na segunda-feira (8), mas adiantou que há três partidos interessados nele. "Eu amo a minha cidade, cada pedaço de São Paulo tem um pedaço de mim", afirmou, acrescentando que gostaria de administrar a cidade como administra a empresa dele.

O empresário falou ainda que não se sente injustiçada e que foi bem tratada durante todo o período em que esteve preso. "Fui tratado com muito respeito e dignidade. Não tenho mágoa", disse.

Mudança de comportamento

Maroni mudou radicalmente de discurso durante os 48 dias que esteve na prisão. Um dias antes de ser preso em um flat em São Paulo, em 14 de agosto, ele divulgou um vídeo na internet em que, embalado pela música "Ferida Ferida", de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, fazia uma série de críticas à Prefeitura de São Paulo.

A mesma canção serviu de trilha sonora dias antes durante o protesto de Maroni contra a interdição do Oscar's Hotel, construído próximo à rota dos aviões. Na ocasião, Maroni levou sua cadela Docinho, colocou-a em cima de seu Mercedes-Benz e com um megafone na mão provocou pessoalmente o prefeito Gilberto Kassab (DEM).

O empresário, que vende uma marca de energéticos, chegou a oferecer a bebida ao prefeito, a quem pediu para não chamá-lo de "vagabundo" - referência explícita ao episódio em que Kassab expulsou um homem de um posto de saúde na periferia.

O empresário acusou Kassab de agir com objetivos "eleitoreiros" e disse que foi transformado em "bode expiatório, político e eleitoreiro" da crise aérea. O prefeito recusou-se a comentar as críticas e ironias. A guerra de liminares prossegue e o hotel já foi fechado três vezes.

Outro discurso provocativo ocorreu durante a interdição da boate Bahamas, quando Maroni recusou-se a receber os oficiais de Justiça, distribuiu pizza e novamente energético para protestar contra o fechamento da casa noturna, que ainda não foi reaberta.

Na época, Maroni lembrou aos fiscais que existe um flat no Ipiranga e uma casa com vários anexos na Avenida dos Bandeirantes que promovem prostituição e não são fechadas. O subprefeito da Vila Mariana, Fábio Lepique, disse que Maroni deveria denunciar os tais estabelecimentos. "Essa é a única casa que o dono admitiu na televisão que tem prostituição", disse Lepique.

O último gesto do empresário antes de pedir desculpas ao prefeito foi o lançamento de uma grife de camisetas em que ele aparece atrás das grades enquanto a mensagem pede sua libertação. A assessoria de Maroni divulgou que a renda seria direcionada para crianças portadoras do vírus da Aids, mas dias depois a entidade apontada dispensou a ajuda. O dinheiro tem sido desde então remetido para um orfanato.

A conversão de Maroni ocorreu no final de setembro, quando o empresário, com ajuda do senador Eduardo Suplicy, enviou uma carta da prisão ao prefeito Gilberto Kassab com um pedido de desculpas. O prefeito afirmou no mesmo dia que não tomava o assunto como pessoal e disse que o caso estava nas mãos da Justiça.

"Minha intenção é retirar a suposta linha de ataque feita por mim à sua pessoa ou até, principalmente, à figura pública que o seu cargo impõe. Assim quero deixar claro que nunca, jamais, tive a intenção de atacar seu trabalho, sua reputação, sua equipe e seu ato", disse o dono da boate Bahamas em carta escrita de próprio punho."

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