Repercussão
OAB aprova mudanças; dirigentes imobiliários pedem transparência
O presidente da seccional paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR), Juliano Breda, ressaltou que a instituição se posicionou contrária ao reajuste de 0,2% para 0,3% do Funrejus e disse ter ficado satisfeito com a disposição do TJ em modificar o projeto. "É uma forma de ajustar a tabela, que está um pouco defasada, e o impacto será muito menor do que o reajuste [da alíquota]", avaliou. Já a Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-PR) informou, em nota, que é contrária a qualquer medida de reajuste do Funrejus. "Esse aumento está na contramão da política adotada pelos principais agentes públicos e financeiros do país, que visa a facilitar o acesso à habitação. Se aprovada, a medida pode gerar sérios entraves para a aquisição da casa própria no estado, onerando o consumidor", diz o texto. A Ademi defendeu ainda que o TJ abra a "caixa preta" da arrecadação dos cartórios, cujo "valor fixado para os emolumentos deverá corresponder ao efetivo custo e à adequada e suficiente remuneração dos serviços prestados", conforme prevê a legislação.
Após idas e vindas, a Assembleia Legislativa e o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ) entraram em consenso a respeito do polêmico projeto que previa um aumento de 50% na taxa do Fundo de Reequipamento do Poder Judiciário (Funrejus) cobrada nos cartórios de 0,2% para 0,3%. Pelo acordo, a alíquota continuará a mesma. No entanto, o teto máximo da cobrança subirá dos atuais R$ 817,80 para R$ 1.822,88. A medida vai atingir imóveis negociados hoje entre R$ 409 mil e R$ 911 mil.
Pelo projeto original, enviado à Assembleia no final do ano passado, ao comprar um imóvel no valor de R$ 100 mil, por exemplo, o contribuinte passaria a pagar R$ 300 em vez dos R$ 200 cobrados hoje. O aumento, porém, foi considerado abusivo por deputados e representantes de diversas entidades, e a proposta ficou engavetada por quase um ano. Há cerca de 20 dias, Assembleia e TJ reabriram a negociação em torno do assunto para levá-lo a votação.
Ontem, o tribunal encaminhou uma emenda ao Legislativo alterando o projeto. Além de não mexer na alíquota, o novo texto aumenta o valor máximo que pode ser cobrado pelos cartórios para o Funrejus. Atualmente, o limite é de R$ 817,80, que equivale a 0,2% de um imóvel de R$ 409 mil. Hoje, qualquer negociação acima dessa quantia paga os mesmos R$ 817,80. Com a mudança, o teto passará para R$ 1.822,88 o valor já foi calculado com base no reajuste de 11,45% nas custas cartoriais, previsto em outro projeto em tramitação. Isso corresponde a 0,2% de um imóvel negociado por R$ 911 mil.
Segundo o TJ, os novos valores terão "baixo impacto social" por afetar somente 6% da compra e venda de imóveis. "Apenas os atos de maior valor estarão sujeitos à adequação do teto ora proposto, permanecendo sem qualquer reajuste aqueles atos praticados pelas classes de menor poder aquisitivo da sociedade paranaense", justifica o tribunal. Aos deputados, o presidente da corte, desembargador Guilherme Luiz Gomes, informou que a arrecadação do Funrejus vai crescer em torno de R$ 10 milhões.
Destinação dos recursos
Os recursos da taxa do Funrejus não permanecem com os cartórios, que, no papel de "intermediários", repassam os valores ao TJ. Em alguns serviços, a taxa é cobrada pelos cartorários e depois repassada ao tribunal; em outros o contribuinte retira a guia e paga diretamente no banco.
Criado em 1998, o fundo custeia despesas do Judiciário como a compra de equipamentos e a construção ou reforma de edifícios. E é justamente essa a justificativa do TJ para defender o aumento dos valores. "Para 2014, foram consignados R$ 93 milhões para investimentos em obras. Mesmo assim, muitas comarcas não foram contempladas nesse projeto de aplicação de recursos, consignando-se valor meramente simbólico para futuras edificações", argumenta o tribunal.
De acordo com o presidente da Assembleia, deputado Valdir Rossoni (PSDB), os dois projetos do Funrejus e do reajuste no valor de referência de custas de cartórios serão votados ainda neste ano.
Colaborou Katna Baran.
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