Um dia após cair do oitavo andar do prédio onde mora, a ex-apresentadora de TV Doris Giesse, de 46 anos, já faz piadas do acidente. 'Parecia desenho do Tom e Jerry', lembrou, ao contar ao marido, o jornalista Alex Solnik, como escorregou quando tentava pegar o gato Tigrinho, que andava no parapeito. 'Senti um vácuo me puxando, como se fosse um vento forte', comparou.
Doris está internada na UTI do Hospital das Clínicas, com fratura exposta no cotovelo esquerdo. Ontem, passou por uma bateria de exames no Instituto de Ortopedia e os médicos descartaram o risco de seqüelas mais graves. A suspeita era de traumatismo na coluna cervical. Nesta quarta ela será operada.
Segundo Solnik, Doris comentou que já está se acostumando a sobreviver a acidentes. Lembrou-se de que, aos 18 anos, quando ia encontrar-se com o noivo, o carro que dirigia capotou na estrada. Na ocasião, também escapou ilesa. Desta vez, quem também teve sorte foi "Tigrinho", que caiu com Doris do oitavo andar e não sofreu nada.
- Ele nem precisou passar pelo HC - brincou Solnik.
Ele descarta a hipótese de Doris ter tentado o suicídio.
- Ela tem humor variado, como qualquer pessoa, toma remédios de tarja preta por causa de um transtorno já controlado, mas está bem. Não havia motivos para se matar - disse o marido.
Segundo conta, quando ele saiu com os filhos, no domingo de manhã, Doris estava deitada no quarto.
- Se a intenção fosse o suicídio, o mais lógico seria jogar-se da janela do quarto e não levantar-se, andar uns 15 metros para ir até sacada, na lavanderia - comentou.
O jornalista disse que a mulher faz de tudo dentro de casa, mas quando ele sai para o trabalho e os filhos vão à escola, ela se sente solitária.
- O que a Doris precisa é trabalhar e preencher esse vazio. Ela é uma mulher de televisão, bonita, culta, não nasceu para ser dona-de-casa.
O marido afirmou que é difícil para Doris ter de pedir R$ 10 para ele quando já ganhou muito dinheiro.
- Ela já chegou a ir a Nova York num fim de semana só para fazer compras.
Sorte e um teto de zinco ajudam a explicar como a jornalista Doris Giesse sobreviveu a seu acidente doméstico , na avaliação de gente que presencia casos como estes em seu dia-a-dia.
- Seria muito difícil ela ter sobrevivido se caísse direto, sem o telhado para amortecer o impacto. É como uma batida de carro - compara o médico traumatologista Luís Fernando Machado, 36, do Hospital Edmundo Vasconcelos.
Segundo ele, os efeitos mais comuns desse tipo de acidente são traumas de crânio e coluna.
- Na maioria dos casos assim, é muito difícil a pessoa sair viva. Há pessoas que caíram de alturas muito menores e morreram - diz Marcos Palumbo, 32, tenente do Corpo de Bombeiros.
Parecia explosão, diz zelador
Euclides Bertucci, zelador do prédio onde mora Doris Giesse, contou que o impacto da queda da jornalista assustou muita gente no condomínio.
- Parecia que uma bomba tinha explodido - disse ele, sobre o choque do corpo com o telhado da garagem do edifício. O zelador estava na portaria do prédio.
- O telhado salvou a vida dela - disse Francisco Soares Albuquerque, 46 anos, mestre de obras. Funcionário do prédio, ele deve fazer o reparo na cobertura.