Apesar de publicamente ter adotado o discurso de que a sucessão municipal é assunto para 2012, nos bastidores o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), tem conversado com lideranças de diversos partidos para viabilizar a sua candidatura à reeleição, no ano que vem. A estratégia passa pela ampliação da base de apoio político que reelegeu, o hoje governador do estado, Beto Richa (PSDB) para a prefeitura de Curitiba em 2008. Até o PMDB o PT estariam nos planos do prefeito.
Só nas últimas semanas, Ducci recebeu visitas no gabiente de caciques do DEM, do PV e do PMDB e, em todos os encontros, falou-se sobre o tema eleição para a prefeitura de Curitiba. Do lado peemedebista, passaram pelo gabinete do prefeito a esposa do senador Roberto Requião, Maristela Requião, e o deputado federal João Arruda, sobrinho do ex-governador. Outro integrante do PMDB que esteve com Ducci, foi o deputado Alexandre Curi. Para João Arruda, a aliança de Ducci com o PMDB é um complicada pela proximidade do prefeito com o PSDB, mas ele não descarta a possibilidade. "O Ducci mostrou interesse em contar com o PMDB na disputa pela prefeitura de Curitiba. Acho muito difícil uma aliança que junte o PMDB, PSDB e PT, mas nada é impossível", disse Arruda.
No entanto, a contratação de um peemedebista para a prefeitura da cidade foi entendida como um sinal de que Ducci já conta com uma ala do PMDB. "Recentemente Altino Chagas Loureir, da executiva municipal do PMDB, ganhou um cargo na prefeitura. Isso quer dizer que pelo menos uma ala dopartido já está com Ducci", contou um peemedebista que pediu para não ter o nome divulgado.
Já com os petistas, uma aliança em 2012 parece distante. A senadora Gleisi Hoffmann (PT), que ontem ciceroneou Ducci no encontro com ministros do governo Dilma Rousseff, descarta a ideia. "O PT vai ter candidato próprio" disse a petista, que garantiu que não houve qualquer conversa sobre eleição na visita de ontem.
Tucanos
Por enquanto, o mais evidente é a parceria de Ducci com os tucanos. A nomeação de Marcello Richa, filho do governador, para a Secretaria Municipal de Esportes foi entendida no meio político como um aviso: "Beto vai estar com Ducci em 2012". Além disso, a presença do vereador João Cláudio Derosso, presidente do PSDB de Curitiba, em compromissos do prefeito também soa como uma prévia aliança. Alguns já cogitaram até o nome de Derosso como vice na futura chapa de Ducci. "Temos uma boa relação desde quando ele era vice [prefeito]. Não tem nada definido", despistou o tucano.
A principal dificuldade para Ducci fechar esta costura política está no desejo do ex-deputado federal Gustavo Fruet de disputar a prefeitura pelo PSDB. Essa intenção de Fruet já teria causado uma saia-justa dentro do ninho tucano.
Nesta semana, Derosso entrou em rota de conflito com o presidente estadual do PSDB, o deputado e presidente da Assembleia Legislativa, Valdir Rossoni. Isso porque a direção do partido estuda a possibilidade de suspender a eleição da nova executiva municipal, marcada para o dia 3 de março, e nomear uma comissão provisória. "Amanhã [hoje] vou almoçar com Rossoni para saber o motivo dessa ideia", disse Derosso.
Corre nos bastidores que Rossoni pretende nomear uma diretoria provisória porque prefere Fruet como candidato do PSDB à prefeitura de Curitiba em 2012. Mas para diminuir a força da ala tucana que apoia Ducci, seria essencial tirar Derosso da executiva municipal.
Fruet já declarou publicamente que deseja disputar a prefeitura da capital, mas defende a unidade do partido em torno de sua candidatura. "Acho importante que o PSDB se defina. Se monta um projeto forte para 2012 ou se adere de uma vez ao Luciano [Ducci] e terá como consequência um custo político com reflexo 2014", disse, lembrando que Ducci faz parte de um partido da base de apoio ao governo Dilma.
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