Ducci entrega sua declaração de IR ao procurador-geral de Justiça, Gilberto Giacóia, e declara: “O dossiê da Veja é falso”| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Oposição

Vereadores pedem esclarecimentos; Ducci se explica a deputados

Karlos Kohlbach e Euclides Lucas Garcia

A bancada de oposição da Câmara de Curitiba protocolou ontem um requerimento convidando Luciano Ducci (PSB) a dar explicações sobre a reportagem da revista Veja. O requerimento deve ser votado hoje em plenário. "São denúncias sérias e o prefeito tem de dar explicações", disse a vereadora Professora Josete (PT).

O líder do prefeito na Câmara, Serginho do Posto (PSDB), considerou a movimentação dos vereadores da oposição como precipitada. "Não existe nada que coloque em dúvida a idoneidade do prefeito Luciano Ducci", disse o tucano.

Hoje os oposicionistas devem protocolar novos pedidos de informações na Câmara e na prefeitura, desta vez sobre as funções de Cícero Paulino na administração municipal. Paulino foi apontado pela Veja como capataz das fazendas da família do prefeito. Paulino foi funcionário da prefeitura até janeiro de 2012. "Se acusam o prefeito de manter um funcionário da sua fazenda nomeado e recebendo pela prefeitura, é importante que tudo seja esclarecido", justificou Jonny Stica (PT).

Reunião com deputados

Após ir ao Ministério Público (veja reportagem principal desta página), prefeito Luciano Ducci se reuniu ontem com cerca de 25 deputados da base aliada do governador Beto Richa (PSDB) para se defender das acusações da revista Veja. Na sala da presidência da Assembleia Legislativa, Ducci negou qualquer irregularidade.

Durante a sessão plenária, vários deputados saíram em defesa de Ducci. Segundo o líder do governo na Casa, Ademar Traiano (PSDB), o prefeito agiu com humildade ao apresentar aos deputados as declarações de Imposto de Renda dele e dos familiares que comprovariam "a intriga vendida à Veja". Tido como um dos nomes cotados para a vice de Ducci, Ney Leprevost (PSD) também argumentou que a revista foi "induzida a um erro grotesco".

Já a líder da bancada do PT, Luciana Rafagnin, ironizou o "suposto engano" da Veja. "É engraçado. Desde que o Lula assumiu o governo, poucas vezes a capa da Veja não foi sobre o PT, Lula, Dilma, ministros, assessores. O tempo todo batendo no partido e no governo. Não vi nenhum parlamentar aqui na Assembleia se levantar e dizer que a revista se enganou", disse ela.

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O prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), entregou ontem ao Ministério Público Estadual (MP) cópias de declarações de Imposto de Renda dele, de familiares e de contratos sociais da empresa Roda Viva, da qual é sócio. O prefeito alega que esses documentos provam sua inocência diante das suspeitas de enriquecimento ilícito levantadas por reportagem da revista Veja. O MP vai averiguar a evolução patrimonial do prefeito e deve concluir a apuração em até 30 dias.

Em reportagem publicada na edição desta semana, a Veja afirma que o patrimônio de Ducci e de sua esposa, Marry Dal Prá Ducci, saltou de pouco mais de R$ 1 milhão, em 2008, para mais de R$ 30 milhões em 2012. Entre os bens listados pela revista estão um apartamento de R$ 5 milhões no Batel, duas fazendas no Mato Grosso e mais de cem cabeças de gado. A reportagem diz também que um suposto capataz de uma das fazendas, Cícero Paulino, trabalhou na prefeitura de Curitiba e ganhou R$ 6 mil, mesmo morando em outro estado.

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"Aloprados"

Ducci disse que as denúncias foram repassadas à revista por "aloprados" e classificou as acusações como "baixas e rasteiras" e de "caráter eleitoreiro". "O dossiê que saiu na revista Veja é falso, mentiroso, calunioso e denigre a imagem da família. Atacar a família é uma coisa baixa e sórdida", disse.

De acordo com Ducci, esse patrimônio não foi acumulado em apenas quatro anos. Segundo ele, os bens já pertenciam à família Dal Prá, de sua mulher, Marry Ducci. "Não há nada a ser escondido. São bens adquiridos ao longo de toda uma vida por uma família, que tem tradição no ramo do agronegócio, da pecuária", disse. Ducci ressaltou que uma das propriedades citadas pela revista foi adquirida nos anos 60.

Sobre o capataz que teria trabalhado na prefeitura de Curitiba, Ducci disse se tratar de uma informação equivocada. De acordo com ele, Paulino é contador e prestou serviços inicialmente para sua empresa e, depois, foi contratado como comissionado pela prefeitura de Curitiba. "Não conheço nenhum capataz que tenha MBA em administração pública", ironizou. A função de Paulino na prefeitura, disse o prefeito, era fazer a "recepção de pessoas e atendimento individualizado" no gabinete da vice-prefeitura, ocupado por Ducci até 2010.

O advogado de Ducci, Alcides Munhoz da Cunha, disse que ainda está avaliando o que será feito em relação a esse caso. Ele estuda pedir direito de resposta à revista.

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Investigação nova

O coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Proteção ao Patrimônio Público, Arion Rolim Pereira, disse ontem que o MP não havia aberto nenhuma investigação contra Ducci antes das denúncias. "Não havia nenhum procedimento instaurado no MP em relação a esses fatos", disse. A matéria da revista Veja diz que o enriquecimento de Ducci teria chamado a atenção do órgão e que um inquérito seria instalado na próxima semana.

Pereira disse que o material encaminhado será analisado por outro procurador e que uma avaliação deverá ser feita em até 30 dias. Ele ainda afirmou que o procedimento deve correr sigilosamente.