Fora do expediente
Prefeito e Rubens Bueno não vão se licenciar dos cargos para a campanha
O deputado federal Rubens Bueno (PPS), candidato a vice prefeito, disse ontem que não vai se licenciar do cargo durante a campanha municipal. Ele afirmou que já passou por momento parecido. "Fui candidato em 1992 [a prefeito de Campo Mourão, no interior do Paraná] sem me licenciar. E, quatro dias antes da eleição, estava em Brasília votando a favor do impeachment do [ex-presidente Fernando] Collor", disse Bueno. O prefeito Luciano Ducci (PSB) também assegurou que não pretende se licenciar para a campanha o que significa que terá de pedir votos fora do horário de expediente. Ele disse não ver problemas em eventuais ausências de seu vice e em ter de fazer campanha em horários limitados. O prefeito acredita que essa dificuldade será superada pela militância dos partidos que formam a aliança: "São 15 partidos unidos, com cerca de 500 candidatos a vereador". (SM)
O prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), apresentou ontem quatro armas para a campanha de reeleição. Um candidato a vice com densidade eleitoral, o deputado federal Rubens Bueno (PPS). O apoio maciço da máquina estadual. Um lema: a promessa de erradicar a miséria na capital. E a estratégia para atacar Gustavo Fruet (PDT), escolhido como o principal adversário: exaltar a coerência da aliança consolidada ontem embora a coligação de Ducci possa ela própria ser alvo de questionamento nesse sentido, pois o PSB é aliado do PT no plano federal e do PSDB no estadual.
Fruet foi um dos principais nomes do PSDB na oposição ao governo Lula na Câmara dos Deputados. Mas, sem espaço no PSDB para concorrer à prefeitura, migrou no ano passado para o PDT. E hoje conta com o apoio do PT para ser eleito.
A palavra "coerência" estava escrita no cartaz que serviu de pano de fundo do anúncio oficial do vice de Ducci, no Hotel Bourbon, no Centro de Curitiba. E deve dar o tom da campanha. "Jamais vamos violentar nossa consciência para vencer eleição a qualquer custo", afirmou o governador Beto Richa (PSDB), presente no evento, sem citar diretamente Fruet. "Nossa alma não está à venda e não compramos ninguém. Jamais vamos perder a vergonha na cara para vencer a qualquer custo. Até porque esse custo, às vezes, é muito alto. Vários políticos trocaram de lado, sem explicação, e até hoje pagam por isso", enfatizou Richa. Ducci também aproveitou para dar sua alfinetada no adversário do PDT: "[A cobrança de coerência] é um recado para quem muda de lado de uma hora para outra, sem explicação".
A presença de Richa, juntamente com vários assessores, mostrou ainda que o grupo que está no governo estadual dará apoio maciço à campanha do prefeito.
Ficha não caiu
Ontem, Rubens Bueno disse que não estava totalmente investido no papel de candidato a vice. "A ficha ainda não caiu", disse ele. O deputado também explicou que aceitou ser o candidato a vice atendendo a um pedido de Richa. "Recebemos um chamado para o projeto capitaneado pelo governador Beto Richa e aceitei em nome da compreensão desse momento da vida política da cidade", disse Bueno. Ele exerce atualmente a liderança do PPS na Câmara Federal e ocupa posição de destaque na bancada da oposição na CPMI do Cachoeira funções que, a partir de agora, serão divididas com os compromissos de campanha.
Questionado se se tornar vice não seria um retrocesso em sua carreira política, Bueno negou. Disse ter "espírito público para servir ao projeto político em qualquer função". Também afirmou que na vida pública é preciso saber atuar taticamente "Tem o momento de recuar para avançar com mais força. Hoje, o Paraná tem um eixo político que nós não podemos desorganizar."
Bueno negou, no entanto, que o convite para assumir a candidatura a vice inclua um acerto para viabilizar sua candidatura ao Senado em 2014 pelo mesmo grupo. "Não houve nada disso", desconversou. Para ser vice de Ducci, o PPS teve de desistir de lançar a vereadora Renata Bueno, filha de Rubens Bueno, à prefeitura.
Carro-chefe
O prefeito Ducci afirmou que a erradicação da miséria será o carro-chefe de um novo mandato objetivo idêntico ao do governo da presidente Dilma Rousseff. Dados do IBGE mostram que Curitiba tem cerca de 16 mil pessoas em situação de extrema pobreza. "É possível fazer isso", disse.
Preteridos mostram frieza ou silenciam
A escolha de Rubens Bueno (PPS) para vice de Luciano Ducci (PSB) frustrou a expectativa dos outros políticos que pleiteavam a vaga ou eram cotados para compor a chapa de reeleição. O descontentamento maior é o do deputado federal Fernando Francischini (PSDB). Ele diz que a escolha de Bueno pode influenciá-lo a aceitar o convite para presidir no Paraná o Partido Ecológico Nacional (PEN), sigla recém-criada. "Estou propenso a aceitar pois me dá oportunidade de ocupar um espaço que estou perdendo no PSDB", afirma. Porém, Francischini ressalta que, caso mude de partido, continuará apoiando o governo estadual.
Uma das razões para a saída do deputado do ninho tucano seria o acordo que garantiria à vereadora Renata Bueno (PPS), filha de Rubens Bueno, a vaga para a candidatura a deputada federal, em 2014, com apoio privilegiado da prefeitura e do governo. Renata nesta semana por pouco não comprometeu a indicação do pai a vice ao afirmar que só Rubens Bueno "salvaria esse governo [de Ducci]". O caso foi contornado com uma retratação e ontem Renata e Ducci fizeram questão de aparecer juntos.
Poucas palavras ou silêncio foi a estratégia de outros preteridos à vaga de vice. O deputado estadual Ney Leprevost (PSD) não compareceu ao evento de ontem e disse que prefere manter o silêncio a respeito da escolha de Bueno. "Conversei com a direção estadual e nacional do meu partido e ainda estamos avaliando o quadro político", disse, lacônico.
Apenas dois dos preteridos estiveram presentes ao anúncio oficial da candidatura: os deputados estaduais Osmar Bertoldi (DEM) e Mauro Moraes (PSDB). Bertoldi deixou o evento sem falar com a imprensa. Já Moraes disse que defendia um tucano na composição, mas que aceitou a decisão tomada.
STF decide sobre atuação da polícia de São Paulo e interfere na gestão de Tarcísio
Esquerda tenta mudar regra eleitoral para impedir maioria conservadora no Senado após 2026
Falas de ministros do STF revelam pouco caso com princípios democráticos
Sob pressão do mercado e enfraquecido no governo, Haddad atravessa seu pior momento