O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque escolheu ficar em silêncio na sessão da CPI da Petrobras na manhã desta quinta-feira (19). Ele explicou que seus advogados indicaram que esta seria a melhor opção, uma vez que Duque está sendo processado.
Preso na décima fase da Operação Lava Jato, Duque teve o depoimento autorizado pela Justiça Federal, mas o ex-diretor afirmou que se valeria do direito constitucional de não falar. A sessão está em andamento.
“Existe uma hora de falar e outra de calar. Ao meu ver, essa é a hora de calar”, afirmou Duque. Disse que todas as dúvidas serão esclarecidas em momento oportuno. “Estou sendo acusado, me encontro preso, por esse motivo estou exercendo o meu direito constitucional ao silêncio”, completou.
Apesar da afirmativa, os deputados pediram para fazerem as perguntas a Duque. “Permanecerei calado”, respondeu o ex-diretor aos primeiros questionamentos.
Duque está preso desde a semana passada, condição que impediria sua ida à comissão. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no entanto, decidiu suspender ato da Mesa Diretora que barrava a ida de presos à Casa para garantir a presença do ex-diretor.
Para os investigadores da Lava Jato, Duque é o elo do PT com o esquema de desvios na petroleira. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), teriam sido captados na gestão de Duque cerca de R$ 650 milhões em propinas sobre contratos fechados de 2004 a 2012 com as seis empreiteiras que teriam integrado cartel para assumir negócios bilionários na estatal. Ele nega ter envolvimento com esquema.
Após uma hora e meia em silêncio na CPI da Petrobras Duque quebrou a sucessão de respostas idênticas aos parlamentares. Chamado por engano pelo deputado Altineu Cortês (PR-RJ) de Pedro Barusco (seu antigo subordinado na estatal), Duque reagiu imediatamente: “Não me confunda com Pedro Barusco”.
A reação provocou risos na plateia que acompanha a sessão. “Pelo menos consegui arrancar uma frase do senhor”, ironizou Cortês, que é um dos sub-relatores da comissão.
Utilizando-se da mesma estratégia dos demais parlamentares de tentar convencê-lo a falar, Altineu disse que Duque entrará para a história do País e se transformará em personagem de carnaval. “O senhor vai ser máscara no próximo Carnaval lá no Rio de Janeiro como um dos maiores corruptos do Brasil”, afirmou o deputado.
Ao lado do advogado, Duque se mantém com o semblante fechado e raramente muda sua feição. O ex-diretor responde a todas as perguntas dizendo que permanecerá em silêncio. “Calo-me por direito”.
Duque deixou a carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba por volta das 5h desta quinta-feira, em direção à Brasília, onde falará à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. O ex-diretor da estatal saiu da PF sob escolta policial, em direção ao Aeroporto Afonso Pena. A sessão da comissão com a presença de Duque foi marcada para esta quinta-feira, às 9h30m.
O pedido foi feito pelo presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), sob o argumento de que o depoimento na Câmara contribuiria para trazer mais transparência aos trabalhos de investigação da CPI. Motta conversou com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que avalizou a iniciativa.
O depoimento de Duque iria ocorrer na sede da Polícia Federal, em Brasília, depois de o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, ter autorizado a vinda dele do Paraná. Como um Ato da Mesa Diretora da Câmara proíbe que detentos sejam ouvidos no prédio da Casa, o presidente da CPI em nome da comissão havia solicitado que Duque comparecesse à PF.
O ex-diretor de Serviços da Petrobras foi preso na segunda-feira, em sua casa, no Rio de Janeiro, durante a 10ª fase da Operação Lava-Jato da Polícia Federal, batizada de “Que país é esse?” - em referência a uma frase dita por Renato Duque quando foi preso pela primeira vez, em novembro de 2014.
Polícia isola prédio do STF após explosão de artefatos na Praça dos Três Poderes
Congresso reage e articula para esvaziar PEC de Lula para segurança pública
Lula tenta conter implosão do governo em meio ao embate sobre corte de gastos
A novela do corte de gastos e a crise no governo Lula; ouça o podcast
Deixe sua opinião