Executivos da empresa catarinense Arxo foram soltos ontem em Curitiba| Foto: Douglas Santucci

Executivos da Arxo deixam a carceragem da Polícia Federal

O juiz federal Sérgio Moro determinou ontem a soltura dos executivos da empresa catarinense Arxo, presos em decorrência da nona fase da Operação Lava Jato. Os executivos deixaram a carceragem da Polícia Federal de Curitiba por volta das 20h30 de ontem.

O sócio Gilson João Pereira e o diretor financeiro Sérgio Marçaneiro estavam detidos na carceragem da Polícia Federal desde quinta-feira, quando a operação foi deflagrada. Já o sócio João Gualberto Pereira Neto se entregou à PF na sexta, ao retornar de uma viagem ao exterior.

"Já entregamos todos os documentos e agora, esclarecidos todos os fatos que rebateram a denúncia feita pela ex-funcionária, houve por bem o juiz federal Sérgio Moro revogando a prisão temporária", disse o advogado de defesa Charles Zimmermann. "A Arxo esclareceu tudo que estava possível de esclarecimento e continua à disposição da Justiça", completou.

Moro determinou que os executivos não deixem a residência por mais de 30 dias, não mudem de endereço e não deixem o país sem prévia autorização do juízo. Além disso, ficam proibidos de manterem contato com a testemunha Cíntia Provesi Francisco – ex funcionária da empresa que denunciou os executivos ao Ministério Público Federal (MPF).

Os executivos não falaram com a imprensa ao deixarem a carceragem da PF.

Em depoimento na manhã de ontem, João Gualberto Pereira Neto voltou a classificar as denúncias contra a empresa como "revanchismo", de acordo com o advogado Leonardo Pereima, responsável pela defesa do executivo.

Kelli Kadanus

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O empresário Mário Goes, apontado como operador da empresa Arxo, fornecedora da BR Distribuidora, teria pago mais de US$ 7,5 milhões em propinas para a diretoria de Serviços, comandada por Renato Duque.

Segundo o delator Pedro Barusco Filho, ex-gerente da Petrobras, o dinheiro foi enviado para contas na Suíça e para offshores. A informação de Barusco é complementada pelo relato de Cíntia Provesi Francisco, ex-gerente financeira da Arxo, que trabalhou na empresa entre janeiro de 2012 e novembro de 2014.

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Segundo Cíntia, a cada dois meses Goes ia pegar dinheiro em espécie na sede da Arxo, em Piçarras (SC). O dinheiro era entregue por Daniela Fransozi, sobrinha dos donos – Gilson Pereira e João Gualberto Pereira Neto. Também o diretor financeiro da Arxo, Sérgio Marçaneiro, levava dinheiro vivo a Goes no Rio de Janeiro.

Cíntia relatou ao Ministério Público Federal que a Arxo recebeu R$ 12 milhões num único mês da BR Distribuidora, que hoje responde por 9% do faturamento da empresa, que fabrica tanques e caminhões-tanque para abastecimento de aeronaves.

A ex-gerente afirmou que a Arxo mantinha um caixa 2 e pagava 5,5% por notas frias emitidas por empresas suspeitas de serem de fachada.

De acordo com o Ministério Público Federal, Cíntia afirmou que o contrato de R$ 85 milhões assinado pela Arxo no segundo semestre do ano passado foi fechado por Gilson Pereira, que viajou ao Rio de Janeiro para um encontro com representantes da BR, onde ficou acertado que eles ficariam com R$ 80 milhões de uma encomenda total que chegaria a R$ 200 milhões – ela não soube informar quem ficou com o restante.

A Receita Federal identificou que as empresas existiam apenas para emitir notas frias para terceiros e a movimentação financeira delas era incompatível com o total de notas que emitiam. As duas empresas trabalhavam com sucatas de plástico.

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Uma delas, a A RPK, por exemplo, teria emitido 88 notas ficais frias entre 2013 e 2014; a Cenedese emitiu três notas que seriam, segundo Cíntia, inexistentes, e a Linkcom forneceu três notas frias.

Além do prejuízo aos cofres da BR Distribuidora, a Arxo também obteve vantagem com crédito de ICMS no valor de R$ 812,8 milhões.