Quebra de sigilo
Oposição quer ouvir acusada de violar dados
Folhapress
Brasília - A oposição ao governo federal vai tentar aprovar nesta semana, no Senado, convite para a analista tributária Antonia Aparecida Rodrigues Santos prestar depoimento na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. Ela é suspeita de ter quebrado o sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, cujos dados foram incluídos em um dossiê montado pelo chamado "grupo de inteligência" que atuou na pré-campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência.
Antonia Aparecida foi afastada do cargo. Uma investigação da Corregedoria da Receita descobriu que foram feitos ao menos cinco acessos ao Imposto de Renda de Eduardo Jorge, mas apenas a consulta atribuída a Antonia ocorreu sem "motivação" fora de procedimentos de rotina do Fisco e sem autorização judicial.
Brasília - O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, ironizou ontem a denúncia de que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi alvo de um dossiê que o governo atribui a uma ala do PT egressa do sindicalismo bancário. Segundo matéria publicada no domingo pelo jornal Folha de S.Paulo, o dossiê acusa a filha do ministro, Marina, de tráfico de influência dentro do Banco do Brasil. O documento, segundo a reportagem, seria usado para fazer com que Mantega desistisse de nomear Paulo Caffarelli, vice-presidente do BB, para a presidência da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do banco, cujo patrimônio é de cerca de R$ 150 bilhões. Caffarelli não foi nomeado.
De acordo com Dutra, a imprensa considera dossiê "qualquer fofoca que possa ser usada contra o PT". Em seu perfil no Twitter, o presidente do partido reproduziu a definição do Dicionário Aurélio para a palavra dossiê e como a mídia a interpretaria. "DOSSIÊ (Aurélio) coleção de documentos relativos a um processo/indivíduo. DOSSIÊ (imprensa) qualquer fofoca que possa ser usada contra o PT", escreveu Dutra. O presidente do PT já havia confirmado que o dossiê, também nomeado por ele como "carta apócrifa", circulou em abril. O papel foi enviado no final de abril para a presidência do BB, para o gabinete de Mantega e para a Casa Civil.
Um dos suspeitos de produzir o material, o deputado federal ex-presidente do PT Ricardo Berzoini, divulgou em seu blog uma carta em que se defende das acusações. "Recentemente, em conversa com o ministro Mantega, sobre outros assuntos de interesse da política econômica, comentei sobre a tal carta apócrifa. (...) Sugeri ao ministro que determinasse ao BB a abertura de sindicância interna para apurar eventual participação." Segundo a matéria da Folha de São Paulo, dois supostos autores do dossiê eram ligados a Berzoini.
No dossiê consta que Marina Mantega se reuniu com Caffarelli diversas vezes, algumas delas na sede do BB em São Paulo. Caffarelli confirmou que esteve três vezes com a filha do ministro. Ela teria pedido para o então vice-presidente do BB ajudar na abertura de uma conta para a loja de uma amiga; depois, teria solicitado informações sobre uma linha de crédito para exportação de frango; e, na terceira reunião, teria pedido a renegociação de dívidas de uma empresa. O jornal apurou que se tratava da Gradiente um dos sócios da empresa é namorado de Marina. O Banco do Brasil, no entanto, manteve as medidas judiciais contra a empresa. Marina negou que tenha se reunido com Caffareli.
Serra
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, saiu em defesa de Mantega ontem e disse que não ficou surpreso com a elaboração de um possível dossiê contra o ministro. "Não me surpreendi [com o dossiê]. Mas quero dizer o seguinte: considero o ministro Guido Mantega um homem honrado que está no cargo defendendo o interesse público. Quero dar meu testemunho a respeito do Guido Mantega. Ele é um homem correto", disse o tucano.
No domingo, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra, disse que o PT tem "obsessão por dossiês" e que teme a possibilidade de uma nova investida dos adversários contra a campanha tucana.
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