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“Estou me perguntando até agora onde eu errei. Sempre atendi todo mundo muito bem, nunca fui grosso. Tentei ser justo com todos os membros do partido, com os que me apoiaram e os que ficaram contra. Não entendo as razões para a minha saída.” | Wenderson Araújo/ Gazeta do Povo
“Estou me perguntando até agora onde eu errei. Sempre atendi todo mundo muito bem, nunca fui grosso. Tentei ser justo com todos os membros do partido, com os que me apoiaram e os que ficaram contra. Não entendo as razões para a minha saída.”| Foto: Wenderson Araújo/ Gazeta do Povo

Outro lado

Barros nega divergência

Citado por Nelson Meurer como "um dos golpistas" que trabalharam pela sua destituição da liderança do PP na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros disse que não gostaria de rebater as afirmações do colega. "Estou fora desse processo, mas ele sempre contou com meu apoio integral e da Cida [Borghetti, deputada pelo PP e mulher de Barros]", afirmou. Segundo o ex-deputado, Meurer "equivocou-se" nas declarações. (AG)

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PPS pede convocação de Negromonte

O PPS protolocou ontem, na Comissão de Fiscalização Financeira da Câmara dos deputados, requerimento de convocação do ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP).

O partido quer esclarecimentos sobre reportagem publicada no fim de semana pela revista Veja, que revelou a existência de um esquema de pagamento de propina no ministério a parlamentares do PP.

Para o líder do PPS, deputado federal Rubens Bueno (PR), Negromonte deve explicações. "Essa denúncia de que há um esquema de pagamento de propina, um mensalinho de R$ 30 mil para parlamentares do PP, é muito grave e precisa ser investigada com rigor. Inicialmente, precisamos ouvir o ministro sobre toda essa história", afirmou.

De acordo com a reportagem, a briga interna pelo controle do PP levou Negromonte a oferecer mesada de R$ 30 mil para parlamentares do partido em troca de apoio político. A denúncia teria sido feita por congressistas do partido insatisfeitos com o esquema.

Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo

"Essa denúncia de que há um esquema de pagamento de propina, um mensalinho de R$ 30 mil para parlamentares do PP, é muito grave e precisa ser investigada com rigor." Rubens Bueno, líder do PPS na Câmara dos Deputados

Folhapress

Brasília - Destituído da liderança do PP na Câmara dos Deputados há 13 dias, o paranaense Nelson Meurer admite que a crise interna do partido "não vai acabar bem". Aliado do ministro das Cidades, Mário Negromonte, ele é citado nas denúncias recentes feitas pela revista Veja de que houve uma tentativa de se criar um mensalão na pasta, que destinaria R$ 30 mil por mês aos descontentes da legenda.

Segundo ele, a acusação é um "absurdo", em especial pelos valores citados. "É desmoralizante um deputado querer se vender por R$ 30 mil", disse. Meurer contra-atacou e falou em "promessas mirabolantes" feitas pelos adversários dele e de Ne­­­gromonte.

Presidente estadual do PP no Paraná, Meurer está no quinto mandato. Em fevereiro, foi escolhido líder com o apoio de 32 dos 41 deputados do PP, que tem a terceira maior bancada na Casa. Depois, acabou destituído contra uma maioria apertada de 22 colegas.

Segundo ele, a briga também envolve questões regionais. Meurer citou o ex-deputado federal e atual secretário estadual da Indústria, Ricardo Barros, como um dos "golpistas" que o tiraram do cargo. Ao lado de Barros, estariam nomes como o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o deputado Dudu da Fonte (PP-PE).

O ministro Mário Negromonte declarou nesta semana que a briga interna do PP pelo controle das Cidades vai "acabar em sangue". O que ele quis dizer?

Primeiro, não tive conhecimento de que ele realmente disse isso [Negromonte fez a declaração a uma rádio da Bahia na segunda-feira passada]. O que eu sei é que da forma como a situação está acontecendo, não vai terminar bem. Tanto para um lado como para outro. O partido está dividido, com 20 deputados para cada lado, e por isso está enfraquecido. Desse jeito, não tem condições de desenvolver seus projetos. Se ele falou nesse sentido, eu concordo.

O que está realmente acontecendo nos bastidores do PP?

Sei que o ministro está bastante chateado com os ataques que vem recebendo. Ele é uma pessoa decente, capacitada. O Mário foi a mola-mestra para que o partido apoiasse o governo da presidente Dilma. Agora, esse grupo que tem aplicado um golpe no partido, com decisões na calada da noite, sorrateiras e da mais repugnante ética, tem também espalhado inverdades por aí. O objetivo desse grupo é tratar apenas do interesse individual de cada um. Eles, inclusive, têm feito promessas mirabolantes em troca de apoio. Eu me sinto revoltado.

Por que o senhor foi destituído da liderança do PP?

Estou me perguntando até agora onde eu errei. Sempre atendi todo mundo muito bem, nunca fui grosso. Tentei ser justo com todos os membros do partido, com os que me apoiaram e os que ficaram contra. Não entendo as razões para a minha saída. Alguns falam que a decisão não tem nada a ver comigo. Como não? Eu fui o mais prejudicado. É uma página virada da minha história política.

O senhor se sentiu traído?

Esse grupo que articulou a minha saída já fazia confusão no partido há tempos. Isso vem lá de trás, de quando nós queríamos formalizar o apoio à então candidata Dilma na campanha do ano passado. Muitos deles tentaram e conseguiram impedir essa aliança. A maioria deles votou e fez campanha para o José Serra [PSDB]. Cito como exemplo o ex-deputado Ricardo Barros, que é do meu estado, que dizem que é um dos comandantes desse golpe. Ele foi vice-líder do governo Lula, teve todas as benesses e, de repente, por ocasião da eleição, foi candidato ao Senado e levou o partido a apoiar o Serra. Hoje ele está aí aparecendo na mídia como um dos golpistas, o que me estranha muito. Sempre estive ao lado dele. Por essa situação, o PP do Paraná também está rachado.

Que tipo de proposta mirabolante, como o senhor disse, esse grupo fez?

Não sei ao certo. Não vou entrar nesses detalhes, mas a imprensa vai saber devagarzinho disso.

Do outro lado, houve acusações de que o ministério estaria envolvido em uma espécie de mensalão que renderia R$ 30 mil por mês aos deputados descontentes. É verdade?

Essa é uma prova do caráter deles. Quem tem capacidade para fazer um levante sorrateiro para me tirar da liderança, tem agora capacidade para enxovalhar a moral do nosso ministro. É uma mentira. Eles têm que apresentar provas.

Mas há algum fato que possa abrir brecha para esse tipo de acusação?

Acho esse grupo está inseguro e por isso inventou essa história. Eles temiam um contragolpe da nossa parte. Mas nós não vamos fazer nada. Vamos atuar dentro das regras e esperar a nova eleição para líder da bancada em fevereiro do ano que vem.

A revista Veja do último fim de semana cita o senhor como membro de um comitê de deputados próximos ao ministro Negromonte e que estaria articulando o mensalão.

É outra mentira. O nosso ministro recebe todos os parlamentares do PP para tratar de assuntos referentes ao Ministério das Cidades. É um ambiente livre. Todos os parlamentares que desejam falar com ele ficam em uma sala de audiência, não tem nada de comitê, ou uma sala especial para determinados deputados. É tão mentira como essa história de que o ministro havia oferecido R$ 30 mil para os deputados. Isso é um absurdo, não faz sentido. É desmoralizante um deputado querer se vender por R$ 30 mil. Mas nós também recebemos denúncias de que do outro lado há promessas mirabolantes. Mas nós não levamos a sério porque achamos que isso não tem credibilidade nenhuma. Se tiver, vão aparecer até o final do ano.

Há uma briga explícita entre os deputados que gostam do ex-ministro Márcio Fortes, que também é do PP, e os que preferem Negromonte?

Acho que tem. As reportagens em geral deixam isso claro, que há um grupo que deseja a volta do Márcio Fortes. O que acontece é que a indicação do Negromonte para o governo Dilma foi quase unanimidade no partido. Nessa confusão toda, há chance de o PP sair da base do governo?

Da nossa parte, não. Os 50% que apoiam o Mário Negromonte estão com a Dilma. Acreditamos que ela fará um grande governo. Do lado de lá, não posso dar ne­­nhuma informação.

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