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O ex-diretor foi preso em 2 de julho durante a Operação Conexão Mônaco, 15ª fase da Lava Jato. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
O ex-diretor foi preso em 2 de julho durante a Operação Conexão Mônaco, 15ª fase da Lava Jato.| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Um e-mail interceptado pela Polícia Federal indica que o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Jorge Zelada solicitou a transferência de dinheiro, em 25 de julho de 2014, de um banco na Suíça para outro em Mônaco, menos de quatro meses após a deflagração da Operação Lava Jato. Relatório de análise da PF sustenta que a mensagem é “prova material” de lavagem de dinheiro do ex-diretor da estatal.

O ex-diretor foi preso em 2 de julho durante a Operação Conexão Mônaco, 15ª fase da Lava Jato. O ex-diretor é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolvendo o contrato do navio-sonda Titanium Explorer, da Petrobras. A força-tarefa da Lava Jato descobriu €11,5 milhões em uma conta secreta de Zelada no Principado de Mônaco.

“Jorge Luiz Zelada, após a deflagração das primeiras fases ostensivas da Operação Lava Jato, a fim de ocultar os recursos ilícitos que mantinha na Suíça com a ajuda de Denise Kos solicitou, em julho de 2014, a transferência dos valores mantidos no banco Lombard Odier Darier Hentsch and Cie para o banco Julius Baer, em Mônaco”, aponta o documento subscrito pelo delegado Filipe Hille Pace.

Denise Kos seria uma operadora de contas que movimentava propinas na Suíça. Ela já havia sido citada na delação premiada do operador de propinas Mário Góes, um dos delatores do esquema de corrupção instalado na Petrobras entre 2004 e 2014. Segundo ele, Denise é brasileira e mora na Confederação Helvética. A apreensão do e-mail reforça as suspeitas sobre a atuação de Denise Kos.

O relatório da PF afirma que o e-mail trocado por Jorge Zelada e uma representante do Banco Julius Baer revela a participação de duas pessoas “na transação ilícita”. A primeira seria Denise Kos, para a qual Jorge Zelada dá a ordem para a transferência dos recursos.

“A conclusão para tanto decorre da mensagem encaminhada por Jorge ao funcionário do Banco Julius Baer em 25 de julho de 2014 por meio da qual afirma que Denise, gerente de sua conta no Banco Lombard Odier, já recebeu a ordem para vender a posição e transferir os recursos - Zelada diz que já atendeu ao pedido através de Denise (“Ive done already to Denise”), referindo-se a solicitação do gerente do Julius Baer, que pediu para Zelada requerer ao Lombard Odier a transferência dinheiro (“Could you ask LO to sell the position and transfer us the cash?”). A outra pessoa se trata do advogado mencionado pelo funcionário do Julius Baer (“Thank you for the letter of your lawyer...”), o qual ainda não identificado, não se sabendo se trata de advogado brasileiro ou estrangeiro”, relata o delegado.

‘Declaração incompatível’

Denúncia oferecida pela Procuradoria, no início de agosto deste ano, aponta que Jorge Zelada controlava duas contas no exterior. Uma delas estava em nome da offshore panamenha Rockfield International S/A, aberta em 15 de fevereiro de 2011, e outra em nome de pessoa física, aberta em agosto de 2012, para saldar despesas de cartão de crédito. A conta em nome da sociedade Rockfield, segundo a força-tarefa da Lava Jato, tinha saldo de US$ 11,5 milhões. Na outra havia US$ 32,3 mil.

“As transferências da Suíça para Mônaco ocorreram como uma tentativa de esvaziar as contas bancárias controladas por Zelada na Confederação Helvética, pois em junho de 2014 veio à tona a descoberta e o bloqueio das contas ocultas de Paulo Roberto Costa (ex-diretor da Petrobras e um dos delatores da Lava Jato) naquele país”, relata a denúncia. “A movimentação bancária do denunciado Jorge Luiz Zelada e sua declaração de bens é completamente incompatível com a manutenção de mais de 10 milhões, o que comprova a origem ilícita do dinheiro.”

Indiciamento

A Polícia Federal indiciou em mais um inquérito da Lava Jato Jorge Zelada e o operador de propinas do PMDB João Augusto Henriques. Eles são acusados por corrupção em contrato com a multinacional Subsea 7, antiga Acergy, na construção de um gasoduto da estatal, em 2007, no campo de petróleo Mexilhão, na bacia de Santos (SP). Zelada nega taxativamente qualquer envolvimento em irregularidades no esquema Petrobras.

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